segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fim de férias e daí?

Foi a pergunta que me fez um amigo no penúltimo post chamado ‘Liberdade e fim de férias’.  E eu fiquei pensando: é, e daí?
E eu estava de tal forma encantada com tudo que tinha se passado, com a alegria que havia me tomado, que nem tinha me colocado essa questão. Parecia-me meio óbvio que fim de férias é retomar a vida, o trabalho, as atividades normais só que alegre e não triste, deprimida ou angustiada.
Mas na realidade não é só isso.  E foi o que respondi para ele.
Fim de férias é claro que significa voltar tudo ao normal, mas, nesse caso, muito diferente. Significa se acostumar com a “nova pessoa”, sair do piloto automático, prestar atenção a cada passo, dar significado a cada palavra ou gesto, continuar percorrendo o novo caminho. Sinto-me uma “Bandeirante” explorando as terras de um país desconhecido. Desbravando serras, planícies e chapadas. Tendo que cortar a faca cada novo obstáculo e descobrindo ora belezas estonteantes, ora despenhadeiros imensos e animais muito perigosos.
O que acontece é assim mais ou menos como quando a gente para de fumar (pasmem, já fiquei muitos meses sem fumar). Você já não está fumando há dias, está tudo bem e uma hora você acaba de almoçar e pensa sem querer: "agora vou tomar um café e fumar um cigarrinho antes de voltar a trabalhar". E sua cabeça reage: opa! Nada disso, não estou fumando... e você tem que esquecer aquele pensamento. Talvez aqueles que nunca fumaram não entendam isso, mas é assim que acontece. Nosso piloto automático custa a reconhecer um novo padrão de comportamento e parar de pensar no velho. Não é nenhum desespero esquecer a idéia já arraigada, você parou de fumar porque quis e nem está sentindo falta... mas o reflexo condicionado não sabe disso.
E foi assim que minha semana começou com uma reunião em um cliente cujo trabalho não anda de jeito nenhum. Mas na segunda eu ainda estava tomada pela minha “viagem” das duas semanas e fui para a reunião cheia de alegria e pensamentos positivos.  Correu tudo bem.
No auge da minha angústia, tinha me comprometido a ir fazer uma palestra sobre Atendimento num certo Clube do Conhecimento, seguida de debate. Claro que tinha esquecido dela e era na terça.
Saindo da reunião na segunda, me ligaram perguntando: tudo certo para amanhã? O que fez meu reflexo antigo? Me fez pensar imediatamente: droga, para que fui me meter nisso? Não preparei nada agora vou ter que pensar numa coisa que não quero... e já ia dando asas a esse “sofrimento” quando me toquei: porque isso? Adoro falar sobre atendimento, vou conhecer um monte de gente nova, trocar muitas coisas legais. E girei o caleidoscópio imediatamente.
Resultado dessa história comprida que é só para ilustrar: foi ótimo. Fiz um roteirinho e falei de improviso. Falei com todo meu coração e com vontade de que as pessoas alí presentes mudassem alguma coisa em suas cabeças e seus corações. Dito e feito: adoraram.
Ainda mais: eu não sabia, mas a coisa era transmitida ao vivo para uma TV e uma rádio na internet. Várias pessoas me ligaram, fui convidada para dar uma entrevista numa outra rádio (num programa que só entrevista mulheres “poderosas” rsrs), o público me beijou, me abraçou, tiraram fotos comigo... enfim, um super astral que só me deu mais alegria, bons frutos (divulguei muito meu trabalho) e, de brinde, ainda conheci pessoas maravilhosas.
Não tem erro: ocupar o seu lugar plenamente aqui e agora só traz coisas boas e realimenta o processo.
É isso a vigilância. A gente já aprendeu outra forma de sentir, pensar e agir, mas o velho teima em aparecer e reconhecer imediatamente é o exercício permanente.
Outro exemplo? Falei nas minhas queixas que não ia mais à praia porque não gosto mais do meu corpo. Para falar a verdade eu nem me olhava mais. Mesmo. Qualquer espelho era fonte de angústia.
No fim das férias estava totalmente apaziguada com o corpo, o rosto, as rugas e toda minha imagem. Respeitando-a, apreciando-a. E como ainda por cima tinha me livrado da necessidade de ter reconhecimentos, e de achar que valho quanto “acham” que valho, passei a ir à praia. Sem nenhum esforço. Sem pensar. Foi natural como se nunca tivesse havido o outro momento. E porque estou em paz com o corpo e a cabeça, retomei meus exercícios e estou menos ansiosa, portanto comendo menos e o corpo, sendo gostado, chegará onde quero. Com amor e não com raiva.
Eu nunca tinha entendido direito quando as pessoas diziam: “quanto mais você tenta fugir de alguma coisa, mais ela te persegue”. Hoje entendo perfeitamente. Entender-se com o sentimento que atormenta é a melhor forma de livrar-se dele.
E poderia dar mil outros exemplos pequenos e grandes do que vem depois do fim das férias.
Tenho saído mais com minha filha e tirado disso um prazer muito maior que antes – claro, a angústia e a tristeza desviavam todo meu foco de qualquer coisa. Tenho me encontrado muito mais com as amigas e não para falar de dor. Outro dia éramos quatro e passamos umas cinco horas falando só sobre literatura. Cada uma falou de seus livros preferidos da vida toda, trocamos idéias, impressões, discutimos quando não concordávamos, trocamos indicações de livros...uma noite e tanto. Gostosa, enriquecedora e o sofrimento nem passou perto.
Assim Luiz, fim de férias é só o início de uma longa jornada que, espero, dure a vida toda. Esse processo me parece que é como uma cebola. Você vai melhorando e cuidando dessa melhora de camada em camada.
Não somos só esse pouquinho que conhecemos e ao qual nos acostumamos e nos apegamos. Diga-se de passagem, nos apegamos porque não conhecemos outra forma de ser e não porque gostamos tanto assim dela. Temos inúmeras camadas de consciência e a cada vez que expandimos um pouquinho um novo mundo se abre. 
Quero muito continuar expandindo a minha e vivendo exatamente as mesmas coisas: trabalho, filha, casa, amigos, amores se houver, blog e todos os prazeres de sempre. Mas com alegria, entrega, amor. Enfim, plena.
Claro que terei ainda muitos sofrimentos pela vida. Mas que sejam concretos e reais e saberei como lidar com eles. Os que se foram, são fantasmas da casa mal-assombrada que eu mesma construí e estou aprendendo não a demolir, mas a tornar cada fantasma um amigo que vai sair por bem e tranqüilo e não porque tentei implodir a casa.
Fantasmas não têm medo de dinamite.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Liberdade e fim de férias

Bom, preciso começar dizendo que as férias acabaram muito antes do que eu podia supor.
Não foram longas, mas foram MUITO produtivas.
Descobri e aprendi mais durante essas duas últimas semanas do que durante toda a vida.
Digo isso porque sempre tentei entender estudando, lendo, teorizando. Agora aprendi vivendo. Tente explicar para alguém que gosto tem uma maçã. Não dá. Tem que comer a maçã para saber e foi isso que me aconteceu; comi a maçã inteira, com casca e tudo. Com caroço e tudo. Sei o gosto de cada parte não porque alguém me explicou, mas porque comi.
Foi muito difícil engolir algumas partes, mas mastigando mais dá para engolir e saber.
Estou exausta, mas muito aliviada. E o melhor de tudo é que não foi sozinha. Quanta gente esteve envolvida nessa “reclusão’ compartilhada!
Só o que ninguém sabe ainda é no que deu isso tudo. Descobri o que sou dona da minha vida! Isso pode soar bobo para muitos para mim foi o ponto fundamental.
Para assumir a responsabilidade de fato sobre a própria vida é preciso encarar o bem e o mal, o cheiroso e o fétido, o claro e o escuro e não temer nem uns nem os outros.
É preciso se livrar das culpas não porque alguém tenha dito, mas porque finalmente você entendeu que nada do que tenha dado errado é irreparável ou consequencia dos seus pérfidos defeitos; foram escolhas mal feitas, muitas vezes frutos de crenças que você nem sabia que tinha.  Mais nada. Não há o que perdoar. Não há o que se culpar. As escolhas podem e muitas vezes dão errado. Outras dão certo e o importante é ser livre para fazer suas próprias cada vez mais deliberadamente.
Culpa é algo que se joga para o alto e quem quiser que pegue. Eu larguei as minhas. Estão soltas por aí.
Liberdade é, até mesmo, criar um muro à sua volta se assim o apetecer.
Liberdade é livrar-se do ego que necessita de reconhecimento e viver só e somente só o que faz bem a cada um. E os outros... bem, que fiquem por perto se gostarem ou desapareçam se não. Liberdade é também não valorizar quem não está em sintonia com você. É poder se livrar de coisas e pessoas cujos julgamentos não fazem mais a mínima diferença.
É livrar-se também de egoísmos e medos criados e repassados vá saber por quem e há quantos séculos atrás e que ficaram marcados em nossos DNAs. É ficar só com o que te pertence.
E quantas coisas, fantasias, ilusões nos são impostas de um jeito ou de outro e que absolutamente não nos dizem respeito.
É reconhecer e aceitar o fluxo de energia do universo e buscar estar conectado com a parte que é sua. ‘
Liberdade é poder fazer sua faxina interna e retirar todas as teias de aranha e apegos conscientes e inconscientes. É desapegar-se de verdade não só do passado (que nada acrescenta), mas do futuro também. Este, você criará maravilhoso a partir das escolhas que fizer depois desse renascimento.
Liberdade é não criticar, não argumentar, não questionar e sobretudo não justificar nada.
Quando você enxerga isso, seu padrão “vítima’ desaparece e com ele  o sofrimento. E você se livra da dor mas também da delícia de ser a vítima.
Há muitas vantagens em ter esse padrão vítima, mas o preço a pagar é muito alto, Você precisa se submeter, se diminuir, e de quebra, ser uma energia ruim que todos querem passar a diante (talvez menos os algozes conscientes ou inconscientes)
Não é nada fácil ser livre. Por mais batida que seja a frase e de origem duvidosa, a gente tem que concordar que ‘o preço da liberdade é a eterna vigilância’. O que não é pouco mas que seja só esse.
Eu , minha vida, minhas escolhas e minha vigilância para não cair em tentação.
O resto é só alegria, otimismo, auto-estima e muita, muita fé no ser humano.






segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pequena reflexão sobre a paz

Paz. Palavrinha tão pequena que significa tanto. Quer para o nosso eu mais profundo, quer para nossas pequenas ou grandes relações diárias, quer para o mundo todo.
Acho que se fizessem uma pesquisa sobre o que se mais se deseja, a resposta seria paz na certa e, no entanto, quanto se faz para afastá-la e muitas vezes perdê-la de vista.
E seguimos nos perguntando por que somos atormentados e tentando adivinhar de onde vem a paz interior – que somando a de todo mundo dá a paz universal tão almejada e cada dia mais distante do nosso ponto de vista.
Tenho pensado muito nisso e hoje me ocorreu o que talvez seja uma pequena condição para alcançar pelo menos uma parte da paz tão desejada.
É bem simples e talvez muito óbvio para a maioria das pessoas. Para mim não era.
A vida é cheia de convites que podemos aceitar ou não.
Alguns desses convites são os passaportes para o tormento e às vezes os aceitamos sem nos darmos conta disso.
E por quê?
Porque não conhecemos nossos limites e/ou não temos a força necessária para negar situações aparentemente sedutoras mas que com um pouquinho de exame mais profundo poderíamos identificar rapidamente como raptoras da nossa paz e bem estar.
O bem estar vem de estarmos fazendo o que acreditamos. Vem de sabermos que estamos nos aproximando de nossos objetivos, (nem que seja um passinho de cada vez) vem de termos uma vida e uma rotina que nos faça bem física e mentalmente. Por vezes, convites tentadores aparecem e, ingenuamente a gente paga pra ver.
Existem seres que não se afastam nem um milímetro daquilo que encontraram como equilíbrio e não têm a menor intenção de flexibilizar nada para não perderem sua paz ou suposta paz que às vezes é tão precária. E como são competentes em impor e deixar claro seus limites para quem quer que seja!
Mas estão certos. Ceder é correr riscos e quem já sabe que não pode corrê-los não negocia nem um carinho, nem um abraço, nem uma palavra de conforto,  nem uma vulnerabilidade que pode tirar suas vidas do  prumo e do rumo.
Daí duas possibilidades: ou essas pessoas tão conscientes dos lhes faz bem encontram alguém disposto a flexibilizar e essa pessoa sim, afundará no tormento da falta de paz  por ter aberto mão do que lhe fazia bem e da sua rotina que a levava aonde ela queria chegar....e fatalmente se perde. Vidas confusas, vidas aparentemente sem rumo definido, à mercê da vida outros, que ora vão por aqui, ora por ali, quem sabe por acolá ,são vidas não ancoradas e sem noção das pequeníssimas coisas que compõem o conjunto de valores que lhes dá paz e que as fazem seguir em frente com orgulho e segurança.Atitudes desconectadas das nossas crenças mais deliberadas são a condição primeira para uma vida  confusa e sem propósito.
Falo por mim e por um monte de gente. De novo por conta do meu trabalho, investigo muito porque as pessoas andaram fazendo o que fizeram a vida inteira. Em 90% dos casos a resposta é “não sei, a vida foi me levando”..
A outra possibilidade é  que duas almas com as mesmas crenças, valores e atitudes que faz tão bem a uma quanto à outra, se encontrem e construam uma história em que ninguém sai perdendo. E dela nasce a paz. E essa paz se acrescenta à paz universal. Como uma gota no oceano mas essa gota já muda muito.
A paz é muito delicada. É uma flor rara que qualquer brisa pode despetalar e jogar por terra toda a beleza que conseguimos construir.  Requer um cuidado extremo.
Entendo hoje quem não arrisca nada. Porque também estou disposta, agora sim, a arriscar muito pouco em nome da minha paz. 


Em tempo: nada disso significa ser uma chata inflexível. Alguma flexibilidade e disponibilidade para surpresas é sempre bem vinda, desde que o fundamental seja preservado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Alice disse

Claudia, lamento muito que esse seu momento te afaste de algumas atividades. E torço para que a reconstrução seja rápida e o mais indolor possível! E que você encontre e libere uma verdadeira fênix de dentro de você! Mas que, ao renascer de suas próprias cinzas, não perca as qualidades (e tbm defeitos) responsáveis por sua sensibilidade, generosidade e bom humor que te tornam tão especial! Mal te conheço, e tanto tenho aproveitado e compartilhado de suas reflexões! E te agradeço por isso!
Com tbm agradeço, envaidecida, o seu convite. Obviamente o blog ficará órfão e empobrecido, e eu, particularmente, sentirei muita falta de seus posts sempre pertinentes e que tanto me fazem pensar. Apesar de pouco comentar, leio com muita atenção e todos, sem exceção, me tocam profundamente!
O blog é seu, Claudia! E tem a sua cara, o seu jeito, o seu tom! Tenho certeza de que seus amigos estão todos empenhados em cuidar do que te é importante, se ajudar na sua volta mais rápida! E na categoria de novíssima amiga, coloco-me também à disposição. Tenho pouquíssimo tempo livre (trabalho muito e tenho outras atividades que também me absorvem muito), e nem1/10 da sua coragem em abrir a alma, como vc faz com tanta transparência e elegância... Meus textos são de natureza diferente. Mas, se puder contribuir de alguma forma para cuidar desse espaço que também já considero um pouco meu e de todos os seus seguidores, com muito prazer o farei!

Espero que a sua reclusão temporária não impeça o nosso encontro na minha próxima ida ao Rio! Estou contando com isso!!!
Fique muuuuito bem!!!
Bjs
Alice 


Vou pensar muito nisso Alice. Será que na reclusão tenho que abrir mão do que mais gosto? Você me fez pensar que veradadeiramente não sei. Obrigada de verdade. Tenho certeza de que dessa nova amizade surgirá uma muito profunda.
Beijos querida

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Vida

Elizabeth disse:
A Vida

AS COISAS SÃO DO JEITO QUE ELAS QUEREM
AS COISAS SÃO DO JEITO QUE ELAS SÃO.
JÁ A VIDA NEM SEMPRE
JÁ A VIDA NÃO.
A VIDA É DO JEITO QUE ELA PODE:
'AS VEZES ELA PODE BONITA
'AS VEZES ELA PODE MIÚDA
'AS VEZES ELA PODE COM FORÇA
ELA PODE BOA
ELA PODE 'A TOA
ELA PODE NA RAÇA
ELA PODE É NO PEITO
'AS VEZES ELA NEM PODE DIREITO
'AS VEZES A VIDA PODE TORTA
'AS VEZES ELA PODE QUASE MORTA
'AS VEZES ELA PODE ERRANTE.
'AS VEZES ELA PODE DELIRANTE
ELA PODE SEM RUMO
ELA PODE NO PRUMO
ELA PODE BESTA
A VIDA PODE LEVE
A VIDA PODE LOUCA
A VIDA PODE COMPLICADA
'AS VEZES ELA PODE DE UM JEITO JEITOSO,
DE UMA FORMA QUASE DELICADA
A VIDA PODE DE UM JEITO COTIDIANO
DE UMA MANEIRA ATÉ COMUM
'AS VEZES
A VIDA NÃO PODE
É DE JEITO NENHUM.

LISA SANTANA.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Férias

Queridos amigos,
por motivos pessoais e de força "muito" maior, o Blog estará de férias por tempo indeterminado.
Adoraria que vocês me ajudassem a mantê-lo durante esse tempo (que não sabemos qual é) de duas formas possíveis:
1 - postando suas próprias reflexões - para isso basta  me mandar um e-mail dizendo que quer ser colaborador, eu adiciono e podem postar livremente;
2 - me mandando coisas bacanas - ainda que de outras pessoas, para eu postar e a gente continuar refletindo.
Não gostaria verdadeiramente que ele parasse, mas por hora não está  dando.
Conto com todos!
beijos cheios de carinho








Doenças do corpo e da alma

Minha querida prima Beth - de Bh, viu isso em  um consultório médico e me enviou como comentário. Achei tão legal que publico aqui para que todos tenham acesso (muitos não lêem todos os comentários).


O RESFRIADO ESCORRE, QUANDO O CORPO NÃO CHORA.
A DOR DE GARGANTA ENTOPE QUANDO NÃO É POSSÍVEL COMUNICAR AS AFLIÇÕES.
O ESTOMAGO ARDE QUANDO RAIVAS NÃO CONSEGUEM SAIR .
O DIABETES INVADE QUANDO A SOLIDÃO DÓI.
O CORPO ENGORDA QUANDO A INSATISFAÇÃO APERTA.
A DOR DE CABEÇA DEPRIME QUANDO AS DÚVIDAS AUMENTAM.
O CORAÇÃO DESISTE QUANDO O SENTIDO DA VIDA PARECE TERMINAR.
A ALERGIA APARECE QUANDO O PERFECCIONISMO FICA INTOLERÁVEL.
AS UNHAS QUEBRAM QUANDO AS DEFESAS FICAM AMEAÇADAS.
O PEITO APERTA QUANDO O ORGULHO ESCRAVIZA.
O CORAÇÃO ENFARTA QUANDO CHEGA A INGRATIDÃO.
A PRESSÃO SOBE QUANDO O MEDO APRISIONA.
AS NEUROSES PARALISAM QUANDO A "CRIANÇA INTERNA" TIRANIZA.
A FEBRE ESQUENTA QUANDO AS DEFESAS DETONAM AS FRONTEIRAS DA IMUNIDADE.


Acho  muito importante a gente ter a coragem de se olhar de  verdade e pensar sempre: apesar de tudo, O PULSO  AINDA PULSA e eu posso construir novas realidades que não me adoeçam.
Um super beijo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Paciência

Já ouvi essa música mil vezes, mas só hoje ela me tocou de uma forma especial.
Compartilho letra e vídeo ( um acústico lindo com direito a cordas maravilhosas!)

Paciência Lenine
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara (a vida não para não)

Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,a vida não para (a vida não para não... a vida não para)

Que nome tem?

Todo estado, toda sensação é passível de ser dita e compreendida? Todas as emoções têm palavras que as digam com precisão?
Penso que não, senão não haveria as artes plásticas, a música, a dança que são capazes de dizer muito mais que as palavras porque os símbolos, esses sim são infinitos e infinitamente combinados formas maneiras de dizer insuspeitadas.
Por falta de palavras, eles existem e são capazes de expressar o eu mais profundo da cada um.
Que nome se dá a um momento em que você está tranquilo, mas um vulcão ferve por dentro com vontade de entrar em erupção e se expressar?
Como se define uma relação entre duas pessoas que não se entendem e são os exatos opostos, mas que querem conquistar alguma coisa uma na outra?
Como se deveria falar de uma vaga vontade de viver de forma diferente quando você sabe que o que você é foi o melhor que pode construir?
O mundo é cheio de estados não definíveis e extremamente subjetivos, impossíveis de serem apreendidos pela palavra. Pelo menos a quem não se dedique a ela de forma obsessiva, por paixão ou ofício.
A literatura, não “descreve”, mas comunica o ser humano e suas relações contando histórias. Sentimos, através dos personagens, não das explicações. Explicar é em última analise, nada.
Por isso é tão difícil encontrar bons livros, cujas histórias nos convençam e nos mostrem dimensões não previstas e ao mesmo tempo universais da natureza humana. Quem leu Crime e Castigo (por exemplo) de Dostoievsky, jamais esquecerá o que é uma verdadeiro arrependimeto. Jamais será capaz de sentir com tanta  verdade o remorso nem que leia todos os dicionários do mundo.
Ponho-me a pensar nisso por conta do meu próprio ofício. “Contar” teorias para as pessoas tem a mesma capacidade de tocar seus corações quanto o azeite de se misturar com a água. Quando falo para minhas ‘platéias’, ou consigo tocar suas vidas e emoções ou não foi nada. E esse é mais um sentimento sem nome: não acessar mentes e almas e não promover mudanças, quando é tudo que se pretende e a única fonte de satisfação possível.
O coração é feito de uma matéria que nem de longe é acessível a qualquer palavra. Tem que ser a palavra certa ou nenhuma palavra. Viver faz muito mais diferença que ouvir. Tirar de si próprio a experiência é infinitamente mais rico que ouvir um ilustre teórico falar sobre qualquer assunto.
E sempre vou mais longe com essa questão das palavras. Como nosso vocabulário é pobre!
Que nome tem sentimentos que não tem retorno?
O que sente uma pessoa quando você gosta dela e ela não pode corresponder? Constrangimento é pouco para definir esse mal estar de ser gostado e não poder dar de volta a mesma coisa...pra mim é um sentimento ainda por batizar. Alguém diz; gosto muito de você e você sorri amarelo, lamentando muito não poder dizer o mesmo. Sim, acho que o lamento é de verdade. Ninguém, em sã consciência, consegue desprezar sem um certo pesar um gostar verdadeiro de outro. Mas às vezes não dá mesmo. Não houve conexão, nem há possibilidade de haver.
E o de quem gosta e não é correspondido? Frustração? Rejeição? Também é pouco. É um pedaço seu que se vai para sempre, que não encontrou eco, que virou nada...que se foi e não voltará mais...foi desperdiçado e jogado fora. Você pode gostar de muitas pessoas pela vida afora mas daquela nunca mais.  Muitas palavras para falar de uma coisa tão comum e que deveria ter um nome no nosso idioma.
Outro; sentir e saber que uma pessoa não entende você. Por mais que se esforce e tente estabelecer contato, os dois falam línguas diferentes, têm referências diferentes e não há possibilidade de comunicação. Senti isso essa semana. Como é doloroso. O carinho existe, a amizade teoricamente existe mas o entendimento não. E não tem salvação. É desistir a única saída...
Assim pensando, vou colocando minhas esperanças de interligações universais nas artes.
Seria pretensioso demais da minha parte, tentar aqui discutir o que é e o que não é arte. Os críticos e artistas vêm se ocupando disso há séculos e não sei se haverá consenso um dia.
Para mim, muito humildemente, arte é o que não é passível de ser dito de outra forma por aquele artista. É um conteúdo de subjetividade que se desprende da objetividade por reconhecer sua pobreza e a grandeza das emoções e variantes dessas mesmas emoções.
Por isso não gosto de quadros de paisagens exatas nem de retratos fiéis. Eles contam, copiam, mostram a capacidade do artista de ver o óbvio e sua técnica apurada mas, em geral, não sua capacidade de sentir.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Que diabos é "curtir a vida"?

Quando me separei do meu marido, uma das maiores queixas que ele tinha a meu respeito era que eu trabalhava demais e ele estava querendo “curtir a vida’. Eu perguntava o que era isso e as respostas não me eram satisfatórias. Curto momentos, curto livros, curto bons papos e boas risadas, em geral curto meu trabalho, algumas vezes nem tanto. Não curto certas atividades maçantes, não curto lidar com muitos aborrecimentos inevitáveis, não curto a angústia, curto ficar na cama de bobeira com um cara de quem eu goste, curto minha banheira, curto escrever, não curto ter insônia..... mas não capto esse "curtir a vida" como modus vivendi. Será que posso resolver de agora em diante curtir a vida?
Hoje, vejo que o que os homens mais procuram em sites de relacionamentos são mulheres dispostas a “curtir a vida’. Falam assim com uma naturalidade, como se “curtir a vida” fosse uma expressão substantiva que todos compreendessem imediatamente o que significa.
Eu, pelo menos, continuo não entendendo.
Para mim, assim sem pensar muito, curtir a vida é fazer tudo que se tem pra fazer – seja trabalhar, estudar, ver os amigos, de forma inteira, conectada, com o coração sempre presente. Encontrar prazer em qualquer atividade porque somos capazes disso e aceitar o desprazer quando não houver opção.
Não me consta que para curtir a vida a pessoa tenha que deixar de fazer qualquer coisa e fique lá, curtindo a vida. Se for assim, de que jeito seria? Não, não vou fazer esse curso, preciso curtir a vida. Assumir compromissos de trabalho? Impossível, e se alguém me chamar para curtir a vida? Ver seriados na TV? Nem pensar, curtir a vida é mais importante.
Fazer um almoço de domingo para os amigos? Não, muito trabalho, melhor curtir a vida.
Esse pequeno post é só para perguntar: alguém pode me explicar o que é curtir a vida?
Obrigada. Desde já agradeço a todos que me ajudarem a esclarecer isso. Talvez então eu possa corresponder a alguma expectativa.


Reflexão sobre o infinito e os limites


Foi na mais tenra idade que a questão dos limites começou a me parecer muito confusa.
Lembro-me perfeitamente da aula de catecismo (devia ter uns sete anos) em que ouvi pela primeira vez que os tempos nunca tiveram início e nem terão fim e que o universo era infinito.
Foi a primeira grande angústia que senti. Não compreendia e isso passou a me abismar dia após dia, ou melhor, noite após noite. De dia eu esquecia e à noite me concentrava em imaginar algo que não tivesse início ou fim, sobretudo fim.
Fantasiava de todas as maneiras para tentar entender. Pensava: saio andando pelo universo, ando, ando, ando e uma hora haverá de ter um muro que será o limite. Mas, pensava, e atrás do muro? Anda, anda, anda... e eu queria que houvesse outro muro que também não seria o fim, pois atrás dele haveria muito mais o que andar.. Diante da impossibilidade de encontrar um limite eu chorava e muito. Não sei direito quantos anos chorei por não entender – mas não foram poucos, e ninguém sabia porque era de noite, a casa dormia e eu chorava baixinho.
Ninguém sabia desse sofrimento que o infinito me causava e fui vivendo, até que outros assuntos começaram a prender mais a minha atenção e esqueci-me desse.
Mas deixou seqüelas, hoje tenho certeza.
Nunca me adaptei aos limites. Se era proibido matar aula eu pulava os muros da escola para escapar ao limite imposto (sempre os muros).  Se tinha horário, eu sempre chegava atrasada para marcar minha inadequação aos limites.
Tudo que foi proibido e tido como limitante, eu desafiei.
Se o mundo não tinha limites por que eu haveria de tê-los? Não era assim tão consciente, mas o comportamento era esse.
Hoje lamento muito que ninguém tenha me explicado de maneira convincente o infinito x o finito.
A ausência de limites x a necessidade dos limites.
Entendi muito mais tarde – talvez tarde demais, que no infinito há um limite. E que ele pode ser calculado e nunca extrapolado.
Assim também nas nossas vidas. Quem foi que me deu o direito de não fazer aquilo que a princípio não quero fazer, mas que é necessário?  De onde vem a opção de não me cuidar (como se eu fosse infinita), de não realizar o que me faz bem e de postergar toda e qualquer decisão como se não houvesse consequências? Vida tendendo a zero no limite?
Será a depressão o muro preto da minha infância atrás do qual a vida continuava mas eu não conseguia ver e chorava? Sim, porque descrevo nitidamente a depressão como um muro preto depois do qual não há futuro possível.
Será a angústia ainda a falta de entendimento sobre regras e limites que precisam existir para que a vida tenha um mínimo de previsibilidade e paz interior?
Quando fiz meu MBA na Coppead, minha avaliação veio assim: aluna brilhante, livre pensadora, engajada, interessada, liderança positiva mas...avessa a regras, não pode ter qualquer chefe porque não os respeita, não faz nada com que não concorde...
Claro que tudo isso atrapalhou muito minha vida profissional. Claro que eu deveria ter cuidado muito mais de seguir as regras e me ajustar aos limites.
Mas não o fiz como de resto não o faço até hoje,
Os limites que respeito são os que meu instinto de autopreservação estabelecem e por sorte não são poucos.
Mas não são suficientes para me proporcionar uma vida satisfatória e livre de angústias. Penso que continuo em guerra com o infinito, com os limites e com a incapacidade de compreendê-los.
O mais paradoxal, é que cresci em um ambiente familiar em que eu podia saber perfeitamente como seria o dia seguinte. Não havia sobressaltos e penso que esse foi meu maior conforto. Não sou capaz de conviver com a imprevisibilidade – pelo menos muito grande e me preocupo em passar essa confiança no dia seguinte para minha filha. "pode dormir e acordar tranquila, nada vai ser essencialmente diferente amanhã. Ninguém vai te deixar, continuaremos morando aqui, continuarei te amando...”
Mas acho que sempre desconfiei que a vida não seria assim. No final, no limite é a morte e o fim...então que limites são esses? E para que mesmo?
Penso hoje que a paz que tanto desejo está muito ligada aos limites. Que deveria aceitá-los com mais tranquilidade e sabedoria, respeitando-os em nome de uma satisfação maior.
Não se trata de conformismo mas de sabedoria.
Estabelecer limites e cumprí-los. Regras e respeitá-las. Não adotar a possibilidade de não fazer como uma opção.
Precisamos todos fazer as pazes com nossa finitude enquanto corpos-seres presentes nesse aqui e agora. Precisamos cuidar do que pretendemos ser quando t tender ao infinito.
O imediatismo não nos salva.  Muito menos a depressão, a angústia, a falta de sentir, a indiferença e o ceticismo.  Essas são muito mais aprisionantes e paralisantes que qualquer limite e qualquer  muro de qualquer idade e de qualquer universo possível ou impossível.
É agora que precisamos fazer nossas escolhas para esse momento limite que certamente virá. Quer a vida vá além do muro ou não.



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Homens, não deixem de ser meninos!

Se os homens soubessem como eles nunca deveriam deixar de ser meninos, metade dos problemas de relacionamentos com as mulheres estaria resolvida.
Quando eu era bem menina, fazia muito sucesso uma música do Sergio ou do irmão Valle que dizia; “não confio em ninguém com mais de 30 anos...sapatos, vestidos etc.
Na época eu devia ter uns 18 e não entendia.
Hoje entendo perfeitamente!

Acho que já contei por aqui que tenho alguns grandes amigos com menos de 30 cuja companhia me é indispensável para viver, arejar, me divertir, aprender, respirar novos ares.

Quando tem festa da empresa, é na piscina jogando bola e bebendo com eles que fico. Um deles tem uma banda de rock que, se posso,não perco um show e danço muito!

Já saí para dançar com eles em boites de jovens, já fiquei na fila da Nuth, já roubei bandeja de bar....enfim... volto a ter vinte e poucos anos sem perder de vista a idade que tenho. Apenas é muito mais divertido!

Os homens depois dos 30 (e em geral quanto mais velhos piores), já estão cheios de defesas, neuroses, fantasias de superioridade, querem impressionar. Os meninos querem se divertir. Falam o que lhes vêm à cabeça ( muitas vezes peço tradução), se sacaneiam, brincam muito e são muito perspicazes. Como não têm nada para disfarçar ou mostrar o que não são, são de uma verdade e de uma vida que a gente já esqueceu.
Eu não esqueço porque adoro a companhia deles e não sinto nenhum constrangimento com isso: são super carinhosos comigo, não lembram que podia ser mãe deles, me chamam para beber, sair, conversar....e que delícia! Rio muito, me divirto sempre e, sobretudo, aprendo muito. Porque eles são ainda ‘verdes” mas não têm nada de burros, muito antes pelo contrário. E ajudam em tudo que para mim é demais (todas as traquitanas tecnológicas), explicam sem pressa, quebram todos os galhos.

Sabem melhor que ninguém ser ótimos amigos pois a vida ainda não os fez parar para pensar se vale à pena ajudar, não os tornou calculistas nem cínicos. Ainda têm todo tempo do mundo. Acho que esse é um segredo não importa a idade que se tenha: viver como se ainda houvesse tempo para tudo.

O Bulla, o mais meu amigo de todos ( que comentou no post anterior) é nada menos que meu anjo da guarda. Tudo ele sabe resolver. Para tudo ele tem uma ideia criativa e inovadora. Uma bênção. Acho que estou sendo injusta com o Gus, que também é um super e amado amigo que sempre se preocupa se nas festas vai ter o espumante na temperatura que eu gosto. Ele sabe que não gosto muito de beber cerveja então nunca esquece do vinho branco ou espumante MUITO gelados. O máximo!

Então homens de mais de 30, lembrem-se do que vocês já foram. Se não lembrarem, procurem conviver com quem tem essa idade. Filhos não ajudam muito porque de filho a gente nunca consegue ser só amigo. Tem que fazer amizades, tem que conviver.

O melhor dos mundos é ser velho e menino ao mesmo tempo. Não deixem isso escapar sob pena de ficarem uns chatos pretensiosos e sem graça, se relacionando por pura conveniência, sem achar o prazer de se relacionar por afinidades de sonhos, projetos, diversão e amizade genuína.
E vocês não têm noção de como as mulheres valorizam esses meninos escondidos em cada um dos homens. Eles suavizam a vida, eles são surpreendentes e uma vida sem surpresas é um tédio, eles inventam, eles riem, eles alegram. Eles riem e choram junto. Eles trazem leveza para onde só há peso e mesmice.
Não há mulher que não procure seu garotão no homem com quem casou há 30 anos. O difícil é encontrar.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Amenidades femininas

Estou aqui fazendo hora para ir buscar minha filha em uma festa e resolvi escrever algumas amenidades para compensar e passar o tempo, agora que estou de alma lavada e enxaguada (pelo menos hoje e agora).
A certeza de ser tão querida mesmo sendo tão estranha deixou uma sensação muito boa e pessoas como eu têm que aproveitar esse momentos mágicos certo?
Enquanto estava aqui curtindo, comecei a me lembrar de uma conversa de mulheres que tivemos outro dia e comecei a rir sozinha. Quem estava na conversa vai lembrar. Não vou citar nomes.
Muitas mulheres conversando podem falar de inúmeros assuntos mas nessa falávamos de...homens.
Cada uma dizia o que valorizava em um homem.
Uma disse que se o homem escrevesse errado estava fora de cogitação. Apelidamos esse tipo de "grisalho com z”.
A outra disse que até aceitaria um “grisalho com z” se o sexo fosse muito bom. Para ela, um bom sexo tem muito mais valor que um e-mail bem escrito. Aliás é mesmo pouco provável que a gente tenha que ver muitas coisas escritas pelo namorado.
Outra ainda, dizia que estabilidade financeira para ela é fundamental. E eu perguntei; pode ter estabilidade financeira e ser velho e feio? NÃOOOO disse ela correndo. Então, essa já pretende um bonitão, da idade dela e...com estabilidade financeira.
Em uma coisa duas concordaram sem pestanejar...DEPRESSIVOS não! Nem pensar! É quase uma falha de caráter. Aí tive que ficar bem quieta porque os homens devem pensar a mesma coisa das mulheres.
Uma delas, por falar nisso, tinha acabado de receber uma cantada do motorista do taxi e estava chocada. Segundo ela era muito bem apessoado hahahah, mas daí a cantá-la ia uma enorme distância.
E começamos a pensar que se um motorista de taxi se atreve a pedir o telefone da passageira é porque deve haver muitas que correspondem às cantadas. Ou seja, parece que sendo “bem apessoado’ e deixar antever que o sexo vai ser bom, ta valendo. O que me remete a todos os livros e filmes que contam histórias de mulheres casadas com homens com estabilidade financeira mas sexo ruim e que acabam se envolvendo com motoristas, seguranças, professores de tênis, natação da filha e etc.
Que nó não? No fundo todas queremos tudo mas nem sempre dá para ter em um só.
Mas nós todas, que conversávamos, somos mulheres de um homem só (de cada vez bem entendido) e assim, precisamos definir nossas prioridades.
Ah tem uma que se a opção política do cara for o PT ela não quer nem amizade! Radical assim.
Eu, fiquei pensando e dizendo: grisalho com z não mesmo. Jamais admiraria essa pessoa e eu preciso admirar. Sexo ruim também não. Não se pode viver com quem não te dá prazer. Lembrando, claro, que sexo é uma coisa de dois. Uma pessoa péssima de cama com uma pode dar super certo com outra. Mas tem que gostar de sexo. Sim, porque tem gente que não gosta muito concordam?
Beleza não me interessa.Que eu olhe e que me agrade.
Estabilidade financeira não é meu problema, desde que eu não tenha que sustentar. Mas uma dureza de ter que pensar se dá pra ir ao cinema e comer uma pizza acho que pensaria mil vezes.
Gosto (sempre gostei) de cultura, afinidades de gosto e se puder haver na política melhor. Realmente não posso gostar de quem admira o Sarney por exemplo...porque aí entram os valores que têm que ser minimamente parecidos.
Preciso que seja engraçado (pode ser deprimido de vez em quando mas que reconheça isso e se trate), e se possível formado na Sorbonne!
A conversa foi animadíssima, engraçadíssima e, claro, não nos levou à conclusão alguma.
Porque acho que no final das contas esse papo não tem mesmo conclusão.
Mesmo sendo totalmente lugar comum, parece que a tal da química ainda é soberana e ela envolve mil detalhes que nem chegamos a reconhecer: um jeito de rir, de levantar a sobrancelha, o cheiro, uma pegada, um certo ar blasé sem ser "rempli de soi-même", um dente quebrado, uma covinha no queixo, um olhar assim meio de lado, já saindo, indo embora, louco por você,...
Vivam os homens e vivam os papos das mulheres bem-humoradas!

Muito Obrigada!

Amigos queridos,
Sei que tenho andado falando de coisas bem pesadas e chatas. Principalmente ontem.
Mas sabem que valeu à pena?

1 – Não tive angústia hoje depois de quase três semanas tendo quase todo dia;

2 – Recebi várias ligações e mensagens no face de solidariedade;

3 – Esther me mandou e-mails e ligou várias vezes para saber como eu estava;

3 – A Evelyn se ofereceu para conversar comigo e me mostrar a forma como ela pensa sobre tudo que falei;

4 – Um amigo que trabalha comigo, o Guilherme, que amo de paixão – ele só tem 26 anos e anda de bicicleta todo dia depois do trabalho me disse: ‘Montek (meu apelido no trabalho), se você quiser eu deixo a bicicleta e vou caminhar com você. O exercício vai te fazer bem’, Não é o máximo? Ele é uma criatura que não existe, ou melhor, só existe ele. Para tudo ele está disposto a ajudar, tem sensibilidade para saber como falar, se importa de verdade... somos muito amigos e confidentes apesar da diferença de idade. Ainda tenho que pensar melhor porque algumas pessoas com teoricamente tão pouca vivência são muito mais maduras e sábias que outras que já viveram um montão. Guilherme e eu não temos segredos. É muito especial; 

5 – Minhas amigas do trabalho (que têm mais ou menos a minha idade) disseram que estão em campanha para eu me sentir melhor. Um “tour de force” como elas dizem. Obrigada Andrea e Claudinha!;

6 – O Paulo acaba de me ligar e tivemos um papo sensacional de horas sobre tudo que escrevi. Com ele também não há limites, podemos conversar rigorosamente TUDO, com a vantagem dele ser muito engraçado e me fazer rir o tempo todo;

7- Comentários carinhosos da Cristina e do Luiz no post.

De forma que só tenho a agradecer.
Se foi sofrido ontem falar aquilo tudo, se tem sido muito sofrido sentir a angústia e não saber de onde ela vem, é uma bênção poder contar com vocês todos.
Obrigada de verdade
Beijos amados



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vídeos maravilhosos sobre a Teoria M

Queridos,
para quem não está familiarizado com a Teoria M, segue link de vídeos MARAVILHOSOS, com legenda em português e em linguagem que a gente entende....Nada de fórmulas rsrs
Depois de vê-los, dá vontade de se aprofundar mais, porque a teoria é LINDA!!!
São 5 vídeos de uns 10 min cada um.
Mando o link do primeiro. Depois é ir seguindo a ordem.
Beijos e boa "viagem"

http://www.youtube.com/watch?v=kxraG_20yjE

É longo, é chato, é confessional mas é o que temos para o momento

Um milhão de coisas e pensamentos está cruzando minha cabeça agora. Preciso escrever sob pena de não conseguir andar com o meu dia.
São tantas as questões (e algumas tão íntimas) que nem sei por onde começo. Vou fazer um esforço supremo de organização e coragem para tentar exorcizar os demônios que me rondam – ou já me tomaram e eu nem sei.
Para quem me conhece, e isso já foi assunto de outros posts, de 2000 para cá – 11 anos meu deus, onze anos... entrei em uma rota de sofrimento que se repete incessantemente, de formas diferentes, é verdade, mas nunca me livro dele.
Começou com uma fortíssima depressão (no seu sentido mais clássico). Hoje é muito perigoso falar essa palavra de tão banal que se tornou. Mas só quem já viveu o não querer sair da cama, a tristeza infinita, o não querer nem tomar banho... só quem já viu apenas um muro preto na frente e sonhou com a morte todos os dias, sabe o que é depressão.
Bom, mas graças a deus a ciência evolui, os remédios aparecem e isso não durou muito tempo, embora essa experiência seja uma divisora de águas na vida de qualquer um. A pessoa nunca mais é a mesma. As lagostas nunca mais param de andar atrás da gente.
Nesses 11 anos, a vida seguiu mais ou menos normalmente – sou um ser intrinsecamente alegre e, portanto, mais estive alegre do que triste, e quando estou triste me escondo tanto que ninguém consegue ser testemunha do que se passa entre as minhas quatro paredes.
E então fui criando uma série de hábitos contra a minha natureza de ser social que a princípio me pareceram completamente normais e me faziam feliz: não sair, tirar prazer exclusivamente de atividades solitárias como ler, ver filmes, trabalhar...
Hoje estou tentando rever isso tudo. Tenho sofrido de verdade, apesar de todos os remédios. Se é horrível por um lado, sei que é ótimo por outro. Nem os remédios dão mais conta de “abafar o caso”. Os sentimentos querem aflorar e só aflorando conseguirei de alguma forma entendê-los e, se deus quiser, resolvê-los na medida do possível.
E eles estão aflorando não mais em forma de tristeza, mas de angústia. Uma angústia muito dolorosa, completamente desgastante, que me maltrata muito e que teima em aparecer em momentos em que eu teria tudo para estar bem.
Ontem mesmo, fui jantar com um amigo. Fui animada, estava com saudades dele. Aceitar esse convite também fazia parte da minha nova decisão de não mais evitar a companhia das pessoas (no que tenho sido bem sucedida, pois mesmo pensando muito antes, na maioria das vezes consigo “encarar” e depois curtir muito o programa). Pois foi eu estar bem, alegre e veio a “maldita”, como a tenho chamado. E é insuportável. Tive que sair correndo, não aproveitei a noite que poderia ter sido muito agradável, morri de vergonha (ficar mal no conjunto de valores da maioria das pessoas é prova de fraqueza, de chatice,e até de desvio de caráter). Não nos valores dele felizmente, foi super fofo e a vergonha passou logo, mas não pude evitar o pensamento do auto-sabotagem.
Porque o ser humano goza no sofrimento, isso eu já aprendi. É na repetição do sofrimento que se dá o gozo, enquanto não conseguimos, é claro, mudar de padrão.
Então tenho uma lista de pendências que se conseguisse cumprir “penso’ que ficaria melhor, mas vem o “não consigo”: queria emagrecer (me privo de ir à praia que adoro, de conhecer pessoas novas porque fico me achando muito feia), queria mudar minha rotina de trabalho (para não viajar tanto, para curtir mais a vida, para realizar mais meus potenciais), queria ser mais organizada (para não sofrer tanto com o que não acho, para não perder tanto tempo) e por aí vai. E porque o “não consigo?”“.
Dizia Freud que o mundo está dividido entre a fome e o amor. Quem sou eu para discutir a profundidade dessa afirmação, mas assim por alto, acredito que fome é uma necessidade que tem que ser satisfeita e é escancarada. Já o amor, tem a ver com todos os nossos outros desejos (não necessidades) que são simbólicos e que, no fundo, traduzem a necessidade de amor.
Nenhum desejo nosso é literal. Todos são simbólicos. Ninguém deseja uma roupa bonita por ela mesma, é para ser admirada, desejada, gostada e... já entra o  amor.
E por aí vai. Qualquer desejo. Quem achar que um desejo é literal para mim está completamente enganado. Precisa pensar mais um pouco.
No meu caso, como não sei o que foi feito dos meus desejos e talvez esses poucos – emagrecer, ficar mais bonita, trabalhar de forma mais organizada e produtiva talvez eu ache que não vão me garantir o amor (ou não estou pronta pra isso, vá saber), sigo reproduzindo o padrão do sofrimento que pelo menos inconscientemente me faz gozar.
Já fiz um progresso gigante. Estou apaixonada por todos os meu amigos de verdade. Aristóteles (é... já naquela época se discutia o que é ser feliz), achava que é impossível ser feliz sem amigos. Essa seria uma condição. Concordo em gênero, número e grau. Nada é mais gostoso que amigos.
Mas TODO o meu afeto está dirigido a eles. Existe um afeto feminino (ou sexual mesmo), que tem a ver com tesão, com sexo, com o relacionamento carnal/espiritual com o sexo oposto que anda vagando por aí há anos, não encontrando nenhuma saída ou válvula de escape.
Ora, se feia e gorda não vou conseguir que esse afeto floresça e “não consigo” transformar-me em magra e bonita... fez-se o impasse.
Daí, não adianta pedir pra Papai Noel, fazer pactos nem com Deus nem com o Diabo que a coisa não vai andar.
Viva a angústia que está me fazendo perceber e pensar e chorar. Talvez por ela ser tão forte e tão insuportável, eu desista de sofrer e consiga mudar meu padrão de gozo e comece a gozar de forma mais saudável e menos neurótica.
Pronto, vomitei pelo menos uma parte. Precisava disso. Quem conseguiu chegar até aqui obrigada. Quem não conseguiu eu entendo rssrs

Em tempo: Não tenho a menor ilusão de felicidade. De forma alguma pretendo insinuar que há um caminho para ela. Não acredito nisso e acho que todas as civilizações, todos os filósofos e todas as religiões (que só prometem felicidade depois da morte) já nos provaram isso. Só, humildemente, pretendo encontrar algum caminho para diminuir o meu mal-estar.  

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A imortalidade o que é?

Hoje queria falar dos universos paralelos. Estou muito encantada com  o desenvolvimento da física. Poder explicar cada vez mais o universo em que vivemos me traz um grande conforto, já que não espero respostas místicas e nunca me convenci do que pregam as religiões. Pelo menos não os dogmas. As verdades sobre o amor, a compaixão, o perdão e outros ensinamentos universais, não me parecem matéria para as religiões e sim muito mais para as filosofias humanistas. Posso ser a realidade de tudo que as religiões pregam sem pertencer a nenhuma delas.

Voltando aos universos paralelos, hoje tive a felicidade de resgatar mais uma amiga ‘perdida’, diga-se de passagem,  altamente estimulante – a Esther Nigri. Passamos o dia juntas, discorrendo sobre os mais diversos assuntos e fomos parar na teoria das Super Cordas e consequentemente na Teoria M, que basicamente tenta unificar todas as teorias da física para ter uma Teoria de Tudo. Desde as leis dos grandes corpos, até o caos da física quântica que se mostrava irreconciliável com a relatividade de Einstein , com a super gravidade e, at last but not least, com a teoria do big bang.

Não quero fazer tratados de física mesmo porque não tenho essa competência, mas quero colocar algumas questões que me assombram desde sempre:

Sempre tive a impressão de que o que aconteceu em tempos passados não acabou. Não é nada que eu possa explicar, é só uma sensação, mas nunca achei que o tempo fosse uma sucessão sem fim em que coisas começam e terminam e ficam por isso mesmo. Sempre achei que TUDO continuava a existir. De que jeito não sei...Por exemplo, quando vejo e sei que algo foi demolido para dar lugar a outra construção, nunca acho que aquela anterior terminou para sempre. Sinto, de algum jeito, que ela sempre continuará a existir.
Já comentei em outro post que o tempo pra mim é vertical, vai se empilhando e agora vislumbro  que tudo pode ser mesmo assim!

Se a matéria como a conhecemos não é feita de partículas e sim de vibrações de cordas como a música, dependendo de como elas vibram, com que intensidade e freqüência, um ou outro evento pode ter lugar. O que não significa que os eventos alternativos não estejam acontecendo em alguma das 11 dimensões que a Teoria M encontrou para explicar (até agora) o universo e sua criação.

Por que acho isso sensacional?
Primeiro porque nossas "escolhas” não necessariamente são definitivas ( as não escolhas estão por aí) e , pelo que pude compreender, tão próximas de nós que quase podemos tocá-las (cada membrana tem 5 zeros depois da vírgula de milímetros).  Infelizmente não sabemos como fazer isso ainda mas tenho esperança que não tarde esse dia. Assim, nossa pequena realidade de todo dia tem a possibilidade de se desdobrar em p- branas ( sendo que p pode ir até o infinito)
Segundo, porque nem sei se são escolhas ou mero acaso – não captei direito como as super cordas vibram. Se for acaso, melhor ainda. Adoro os acasos.
Mas me atrevo a formular um terceiro pensamento: a de que cada um de nós só tenha consciência de uma dimensão porque a que vibra mais forte é aquela que precisamos viver e talvez exista um “Deus membrana” superior que determine em qual universo devemos viver de cada vez.
Ou seja, se o caos quântico acabou mostrando que uma mesma partícula pode estar em diversos lugares as mesmo tempo (  o que sugeriu as cordas e suas vibrações), então vivemos em um multi-universo mágico  e cheio de possibilidades. Um ‘Deus’energia vibratória para mim não estaria descartado.

Enfim, a Claudia que existe aqui e agora e que todos conhecem é uma possibilidade. Outras Cláudias, que não casaram, não tiveram filhos, estudaram outra coisa, talvez morem na Suíça ou no Sudão, ou até nem tenham nascido estão por aí...
Não é isso a imortalidade e a ausência total de limites?
Quero falar de limites uma próxima vez.



domingo, 9 de janeiro de 2011

Como ninguém vai lembrar mesmo, aqui vão as duas opções dos poemas de Francês


Déjeuner du matin
          – Jacques Prévert
Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au lait
Et il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s’est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis son manteau de pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j’ai pris
Ma tête dans ma main
Et j’ai pleuré


E a outra….

L'humble rivière de chez nous
Ne mène pas grand tapage.
Avec un bruit paisible et doux
Elle fait le tour du village.

Des saules et des peupliers,
Qui sont à peu près du même âge,
Comme des voisins familiers
Bruissent le long du rivage.

Et le chuchotement des eaux
Accompagne la voix légère
De la fauvette des roseaux
Qui fait son nid sur la rivière.

Ainsi coule de son air doux,
Sans aventure et sans tapage,
En faisant le tour du village,
L'humble rivière de chez nous.

Henri Chantavoine (1850-1918)


Como muito bem disse a Evelyn no comentário, tínhamos nessa época no máximo 12 anos. Podem imaginar o quanto era demandado de nossas cabecinhas?

Nostalgia - ainda para os CApeanos

Estava esperando a Marcia para ir ao cinema (íamos encontrar com a Evelyn lá ) e essa poesia que lancei como desafio no post relâmpago aí de baixo, não saía da minha cabeça.
Estaria o meu inconsciente tentando trazer de volta velhas e gostosas sensações e foi a poesia a saída que encontrou?
Não sei se todo mundo que estudou no CAp se lembra que tivemos em um dos anos de Francês que escolher uma poesia para decorar e declamar lá na frente. Eu escolhi essa do petit déjeuner, e nunca me esqueci dessa primeira estrofe.
Mas não penso sempre nela, é claro, e hoje ela ficou me martelando.
Antes de  sair, lancei correndo o desafio.
Agora, já fomos ao cinema, já jantamos e cheguei em casa com o sentimento completamente escancarado. É nostalgia sim. Dos  anos que passamos juntos, das descobertas nossas de cada dia, das crianças que viraram adolescentes juntas, de todas as nossas histórias tão engraçadas e ao mesmo tempo cheias de aprendizado; do que achávamos  que seríamos, da liberdade em  que vivíamos – embora em plena ditadura, da possibilidade de expressão que sempre nos foi dada....dos desafios de aprendizados para os quais nem sabíamos que estávamos preparados.
E essa nostalgia me vem toda em forma de lembranças dos poemas que aprendemos. Lembram do Edgardo, nosso maravilhoso professor de português?  
Vou trancrever aqui dois poemas que nunca mais esqueci, por dois motivos; primeiro, adoraria saber se eles marcaram tanto a vocês quanto a mim e segundo, porque nada retrata melhor aqueles anos que coisas que aprendemos e nunca mais esquecemos.
Só uma observação que me parece pertinente: sabem por que nunca esqueci? Não que aos 11 anos eu já compreendesse toda a grandeza desses poemas nem tampouco conhecesse todo esse vocabulário. Era a forma como o Edgardo declamava. Ele me deixava em transe declamando para nós essas poesias e as palavras iam entrando...e, claro, ele ia explicando.
Quantos professores hoje são capazes de tamanha entrega? De declamar com tanta verdade que faz a gente jamais esquecer?
São ambos de Olavo Bilac

Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


e.....

Como a floresta secular, sombria,
Virgem do passo humano e do machado,
Onde apenas, horrendo, ecoa o brado
Do tigre, e cuja agreste ramaria
 
Não atravessa nunca a luz do dia,
Assim também, da luz do amor privado,
Tinhas o coração ermo e fechado,
Como a floresta secular, sombria...

Hoje, entre os ramos, a canção sonora
Soltam festivamente os passarinhos.
Tinge o cimo das árvores a aurora...

Palpitam flores, estremecem ninhos, . .
E o sol do amor, que não entrava outrora,
Entra dourando a areia dos caminhos.


Por favor, não chorem ainda não. Somos frutos de todos esses poemas e tantos outros.
Um beijo com muita, muita saudade