sexta-feira, 24 de maio de 2013

O que sou





Sou o que posso
me esforço.
me torço do avesso
Não venço
Me dói o pescoço
se viro com pressa
Me dói a cabeça
se muito penso
Ser sem tropeços
E querer ser poeta
Só muito sentindo e
em linha reta

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Para que servem os poemas?



Poemas, a que vêm?
Como descobrem a alma de um poeta?
Porque sabem que ali o terreno é fértil e a ânsia eterna?
O que faz um poema querer ver a luz do sol, sabendo-se nada ou muito pouco?

Um poema não é um relato, uma intenção de verdade
Tampouco o poema é uma mentira, uma intenção de ficção
Um poema é algo entre uma coisa e outra,  provavelmente sem qualquer intenção,
A não ser tornar feliz e quase sempre insatisfeito quem ousou escrevê-lo por alguma razão.

Um poema, nunca muda o mundo ou o torna melhor,
Aliás este, o mundo, poderia prescindir de toda a poesia.
Para que o olhar do poeta? Para que a alma do poeta?
Juntemos todos e nada do que disseram se aproxima da filosofia

Nem de nada: nem das ciências, dos romances, das biografias
Sem história, sem começo, meio e fim
Sem reflexões claras e provas contundentes
Apenas um sopro: de beleza, de dor, de saudade ou de amor.

Um sopro tão quase divino que nenhuma regra humana pode definir.
Um sopro talvez destinado a nos ensinar a só sentir
Começo a pressentir que poemas e poetas, sem que eles e leitores saibam,
Anunciam, como ao dia a cotovia, uma nova forma de existir.

domingo, 5 de maio de 2013

Miolos ao molho



Vem cá palavra sem dó nem piedade!
Vem, e cala a ansiedade que me atropela no caminho
Vem, e estanca o sangue que jorra das artérias tão visíveis
Da mão que foi amputada a seco,                    
Do coração,  arrancado antes da hora.

Vem cá palavra que me acalma
Dize quem és e do que és feita. Facilita o vagar dessa alma incompetente!
Me enche de prazer sem pensamento e me toca com dedos bem suaves
Transplanta meu coração para a cabeça, e me deixa tão somente um mundo sensitivo
Esmigalha meus miolos e prepara-os segundo a melhor receita de neurônios ao molho de sinapses.

Se já sem sangue, sem cérebro e sem calma
Me jogo nessa vida agonizante,
Ora respirando, ora ressuscitando
Ora silenciosa, ora esfuziante
Que palavra me foi sussurrada e eu nem ouvi?

Ah se ao menos eu ouvisse tanto quanto vejo
Se ao menos visse tanto quanto sinto
Se pelo menos sentisse tanto quanto penso
Espera! Se eu pensasse tanto quanto intuo
Então seria música e eu não mais com medo da palavra

Porque ela acabaria por dizer o que eu nunca pretendi.