quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Reflexão um tanto confusa sobre os filmes das nossas vidas

Estou aqui pensando no ano novo e nas minhas brincadeiras de todo ano pedir um príncipe a Papai Noel e estou me lembrando de um filme que vi há muito tempo atrás.
Foi na TV, não me lembro do nome, atores, nada. Nem era tão bom. Mas o roteiro chamou muito a minha atenção, tanto que nunca mais esqueci.
Assim por alto, uma tragédia acontecia e uma mulher envolvida no acidente tinha o poder de voltar no tempo. Ela volta a primeira vez para tentar impedir a morte de toda a sua família, mas volta para o ponto errado. Ela muda uma parte dos acontecimentos, mas a história segue praticamente do mesmo jeito e o acidente se repete. Ela então volta para um pouco antes e de novo não era aquele o ponto. Ela consegue mudar outras coisas que se revelam também acessórias para o curso dos acontecimentos e o acidente acontece de novo. Não me lembro bem se suas chances acabam ou o quê, mas o fato é que nós, espectadores, acabamos sabendo qual foi o momento crucial, aquele a ser efetivamente evitado para que todo o resto fosse diferente e não morressem todos.
Estou pensando nisso porque com o passar dos anos (e lá vai mais um), as consequências de cada coisa que fazemos vão ficando cada vez mais previsíveis e, se até uma altura da vida, não saberíamos o que mudar se nos fosse dada essa chance, com a maturidade, mal acabamos de fazer alguma coisa e já podemos afirmar sem muita chance de erro: acabei de colocar o ovo da serpente. Sei que lá na frente a serpente vai, muito provavelmente nascer.
A gente sabe tudo que vai acontecer a partir da maioria das nossas ações e a dos outros também. A ponto de dar aflição quando vemos alguém mais novo agindo de forma que podemos ver todo o filme que se seguirá.
Isso tem vantagens e desvantagens como tudo, eu acho.
Por um lado torna a vida muito mais confortável por ser nossa velha conhecida. Não temos mais muitas surpresas. As coisas quase sempre são do jeito que sabíamos que seriam. Quando ousamos não querer saber que sabíamos, o resultado é sempre nefasto.
Na outra mão, o fato de não haver surpresas torna tudo um pouco mais chato. Temos que ficar eternamente inventando mudanças em pontos cruciais da história para que não tenha sempre o mesmo final. Ou seja, se acomodar com o que a gente é - jamais. Descansar, jamais.
Porque pensei tudo isso?
Porque todo ano peço um príncipe e nunca ganho. E isso faz uns nove anos. Claro que sei que não vou ganhar (isso é só uma brincadeira), mas nunca consigo agir de forma a conquistá-lo.
Se ano após ano o resultado é sempre o mesmo, qual foi o ponto P ( ou seria o G?) da minha história que me desviou das ações que me levavam a escolhas certas, a atitudes certas, e que se não resultavam em príncipes, resultavam em relacionamentos satisfatórios e legais o suficiente para me fazer feliz pelo menos por um tempo?
Essa é que é a questão. Mudar acessórios (sair mais, olhar mais em volta etc.) não vai mudar o curso desse rio. Houve algum grande desvio interno (no caso do filme era uma carona que ela aceitava que disparava todo o resto) que me fez passar a ficar brincando de “caça ao príncipe”, sem a menor vontade de achar de verdade. Entrei em um carrossel perigoso de me pregar peças - ignorar sempre as próximas cenas que já podia prever, para reforçar minha vontade de ficar sozinha e dessa forma perpetuar meu pedido de Natal e Ano Novo.
Nunca vi alguém desejar a si próprio Feliz Natal e Ano Novo, mas é isso que estou fazendo: estou agora desejando que eu consiga voltar ao ponto exato em que perdi o controle do filme que vinha produzindo e possa fazer as mudanças necessárias para desfazer esse nó (que já deu o que tinha que dar - sem ou com trocadilho,vocês resolvem) e passar para algum outro nó: novo e mais instigante!
Feliz Ano Novo e Nós Novos para todo mundo!


5 comentários:

  1. Ih, ferrou. Eu que tenho sempre uma opinião, um comentário pra chamar de meu, dessa vez só senti vontade de ficar quieta. Claudia, com essa vc puxou meu freio de mão! Bateu maior silencio na minha cabeça...
    Beijo
    Marcia

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  2. Sério La Marcie?
    Agora fui eu que fiquei sem saber o que dizer rsrs
    Causei estranheza, tristeza, espanto ou o que?
    Por favor, me ajuda a descobrir isso.
    Bj
    La Clau

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  3. Querida, feliz ano novo prá vc também, cheio de Luz!

    Ontem estava pensando, que realmente com um novo ciclo iniciando, temos que trocar o chip!! Fazer diferente, nova trilha sonora e alguns Nós novos! Achei genial, porque sem nós fica impossível.
    De qualquer forma, vamos contar com ajudinha de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, rs.
    Amém...

    Beijos, saudade imensa,
    Beth

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  4. Sábia e dificil decisao heim amiga!

    Tem uma frase antes de entrarmos na sua varanda que nos inspira muito a essa atitude.

    Vou me lembrar dela tb e deixar o que nao nos ( e os nós) que nao nos serve mais

    Feliz Ano Novo pra nós com outros nós rsssss bjs

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  5. Verdade, vc lembrou bem. Pessoa bem em cima da minha porta....
    Ou isso, ou viver eternamente à margem de nós mesmos.
    Temos um ano de trabalho duro amiga.
    Interno e externo.
    Que venha com tudo porque nós estamos preparadas!
    Beijos mil e mais votos de feliz ano novo! rsrs

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