segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desculpem mas estou muito cansada


 Sei que prometi dar um tempo nas poesias mas hoje precisava muito desta. Sorry

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço…

Alvaro de Campos


3 comentários:

  1. Querida, eu li ontem esta poesia!

    Tenho relido a Metafísica constantemente, quero me inserir num contexto...reinventar é preciso!

    Estou exausta hoje, fiquei exposta a um calor de 40 graus durante todo o dia.

    besos, Cristina M.

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  2. Ah, porque dar um tempo nas poesias?

    a mesma Cristina...

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  3. Cris querida,
    porque esse é um Blog que pretende ser dos meus pensamentos. Se eu começar a publicar poesias sem parar,vira um Blog de poesias e isso já tem aos montes. Quando a poesia "Ë" o que estou sentindo, e eu não diria melhor, ok. Mas só porque gosto da poesia não faz muito sentido. Esse fim de semana foi uma exceção porque li poesias sem parar e foi me dando vontade de compartilhar. Mas se essa moda pega eu descaracterizo o Blog sacou????
    Beijosssssss

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