segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

72 horas - O Poder de Uma Certeza


Ontem saí de casa para ver A Rede Social.  Chegamos ao cinema, estava esgotado, e a única alternativa era um filme chamado 72 horas.
Não sabíamos nada sobre ele, não tínhamos a menor ideia do que se tratava, mas, para não perder a viagem, resolvemos arriscar.
Que surpresa!
É um filme muito instigante sobre o poder das nossas certezas.
O filme começa com dois casais jantando e uma das mulheres contando que estava com problemas com a chefe. A outra mulher, um tipo provocador, vai levando a conversa para um lado que faz a primeira perder a calma e acaba “avançando” na outra. Parece uma cena gratuita, mas depois percebemos que é a única pista de que a personagem principal é uma pessoa que pode se tornar agressiva e tem o “sangue quente”.
Passada essa cena, ela é só suavidade e amor com o marido e o filho.
Sem querer me estender nem contar o filme, o fato é que a tal chefe aparece morta e todas as provas apontam para a “funcionária insatisfeita”.
O filme não mostra julgamento, defesa nada... ficamos apenas sabendo que ela é condenada a prisão perpétua.
O marido, apesar de tudo, tem absoluta certeza da inocência da mulher, e o mais curioso, é que nós espectadores também.
E a ele se coloca a seguinte questão: ou passar a vida num inferno tendo a mulher presa para sempre ou arriscar tudo (a própria vida e a do filho) para tirá-la da cadeia através de uma fuga que ele planeja obsessivamente.
O filme acaba sendo a história desse planejamento, que é tenso, cheio de contratempos, e a notícia final de que ela será transferida de presídio em 72 horas – ainda faltam coisas a planejar, mas se ela chegar a ser transferida adeus planos.
Bom, é de fazer suar as mãos e torcer a bolsa tudo que acontece.
A polícia descobre os planos e a perseguição é de tirar o fôlego. Mas nós, sentados na cadeira, torcemos o tempo todo para que eles consigam fugir.
Por que mesmo sabendo que o sangue da vítima estava em sua roupa, que as digitais dela estavam na arma do crime, que ela foi vista deixando o local do crime, continuamos convictamente torcendo por ela?
O diretor nem se dá ao trabalho de “pintar” uma chefe com quem a gente antipatizasse. Ela não aparece. Só uma cena de 5 segundos já morta.
E também nenhum dos personagens é um poço de simpatia. Não há muitos sorrisos, nem cenas comoventes nada... nem a criança é usada para esse fim.
Minha conclusão é que somos levados, e com maestria, pela convicção do marido que não só a ama (e amaria mesmo que ela tivesse matado), mas tem certeza absoluta de que ela não matou. Ele chega a dizer para ela: eu sei quem você é.
Não vou contar o final do filme, claro, mas saí do cinema emocionada com a força de uma crença e com a certeza inabalável de conhecer o outro.
Que força o “não haver dúvida” pode proporcionar! Que clareza! Como é bom tomar uma decisão e não ter um único diálogo interno sobre se aquilo está certo ou errado. Que bom nem pensar em culpa ou nada do gênero. Não dar a menor importância para o que as pessoas pensam!
Acho que esse é um dos grandes segredos: buscarmos com muita verdade nossas próprias convicções e lutarmos, sem medir esforços, por aquilo que acreditamos, seja lá o que estiver em jogo.

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