segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nossos Poderes


Uma das coisas que tenho achado mais importantes ultimamente e sobre a qual tenho me debruçado na terapia, é a descoberta real das minhas potências.
Saber isso me parece ter um valor enorme porque subestimar minhas potências me torna impotente diante do que não sou e, por outro lado, super estimá-las me torna prepotente o que é um passo para o fracasso.
Não é fácil essa tarefa. Somos todos cheios de fantasias (de superioridade ou de inferioridade), de culpas, de bagagens de erros e acertos que alimentaram ou destruíram nossa auto-estima, de forma que ter a dimensão real das nossas potências para, através dela, maximizarmos nossos resultados em qualquer área, concentrarmos nossos esforços onde somos mais potentes e saber pedir ajuda onde não somos, se torna muitas vezes um terreno movediço que dá vontade de desistir.
Não quero desistir. Penso que nunca é tarde para a gente se livrar do que não presta e se achar depois de limpar todas as teias de aranha acumuladas no nosso ego que tenta sobreviver muitas vezes à custa de nos deixar muito infelizes e falsamente incapacitados.
Todos nós, me parece, somos vítimas de alguma prepotência. E a prepotência nada mais é que a impossibilidade de reconhecer uma impotência. Paradoxal não?
Mas não é. Pense em todos os homens que já quiseram dominar o mundo. Se olhassem com um mínimo de isenção, saberiam de sua impotência para essa empreitada. Mas, ao não poder reconhecer essa impotência, tiveram a prepotência de tentar, matar milhares e milhões em nome de uma causa já perdida por antecipação.
Nem precisa ir tão longe, pense na prepotência que está contida na decisão de tentar mudar outra pessoa sem que ela queira. É a prepotência não querendo reconhecer a impotência...e por aí vai...
Indo mais fundo na psicanálise, há quem diga que a euforia, a arrogância e a prepotência, são mecanismos que criamos para escapar da depressão:

“São sensações criadas por formas de pensamentos com objetivo limitado de escapar da depressão. O movimento é de nos empurrarmos para cima.
Eu crio uma imagem fantasiosa sobre mim e tento viver essa ilusão enganando a mim mesmo. A ilusão é passageira e facilmente caio de volta na depressão.
Na euforia a fantasia é de que estou me sentindo ótimo, ativo etc. nego as dificuldades que estou sentindo.
Na arrogância e prepotência a fantasia é de superioridade. Crio a imagem que sou melhor que o resto da humanidade para fugir da sensação que não sou nada para mim mesmo.
Nestes exemplos a situação interna torna-se difícil, pois criamos fantasias (de superioridade) para camuflar fantasias (de inferioridades), estando assim a nossa realidade interior duplamente distante de nós”

Vejam como podemos cair em muitas ciladas inconscientes!
Felizmente, sei que nem a arrogância nem a prepotência são características que me descrevam. É mais fácil eu fantasiar uma impotência que uma prepotência, mas mesmo assim, é preciso saber reconhecer. Um engano é tão ruim quanto o outro (ou é o mesmo) a não ser pelo fato de que a impotência normalmente incomoda menos gente.
Isso tudo me faz concluir duas coisas: primeiro que prepotência é a mesma coisa que impotência só que vestida de outra forma. Muito pior porque não pode pedir ajuda, não pode ser verdadeira, não pode se mostrar. Isso ajuda muito a conviver e reconhecer os prepotentes por natureza. Eles são seres que sofrem muito porque no fundo sabem que podem muito pouco. E daí resulta em só haver uma saída: reconhecer a impotência quando ela de fato existe.
Por fim, liberar, reconhecer, festejar e utilizar ao máximo nossas potências que são muito maiores e em maior número do que podemos imaginar! Em geral somos muito mais poderosos que o chato do nosso ego nos deixa ver!

2 comentários:

  1. Pensei em como começar este comentário e só me veio a cabeça "puxa, como você é inteligente". rsrsrsrsr Já sei, já sei, dancei, né? Mas vira e mexe leio você. Vou só destacar "há quem diga que a euforia, a arrogância e a prepotência, são mecanismos que criamos para escapar da depressão". Tão perto de mim, tão eu. Pior, nem a arrogância nem a prepotência fizeram eu escapar. Agora trabalho para escapar de vez. Quanto a euforia é impossível ter junto de você. Você é imbatível nisto. Além, claro, do carinho, do enorme e gostoso sorriso, do entendimento mágico que temos. Suas reflexões quase me animam a fazer parecido. QUASE! Primeiro vou aprender a escrever. BEIJOS

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  2. Meu queridíssimo amigo,
    Primeiro, você que sabe que consigo demonstrar teoremas FODA no espaço n - dimensional, que entendo análise real mesmo que a duras penas e ainda álgebra abstrata, pode me achar inteligente tanto quanto eu acho você.
    Segundo, a pessoa que falou sobre a prepotência e a arrogância como forma de escapar da depressão, nào te conheceu. Ela disse que eram ilusões passageiras. A sua prepotência durou quase a vida toda kkkkkkkk (brincadeirinha....)
    Em terceiro lugar, não sou dada a euforias ilusórias fique vc sabendo. Fico MUITO alegre sim quando há pessoas muito queridas ao meu lado ( e vc é umaa dessas pessoas) mas felizmente nunca nego minha depressãao.
    Só que nos momentos mais brabos prefiro ficar sozinha e lamber minhas feridas.
    Bom...só posso desejar duas coisas para 2011
    A primeira que vc faça mais parte da minha vida. É uma delícia estar com vc, conversar no tel, qq coisa.... fundamentalmente porque morro de rir kkk
    A segunda é que você se atreva mais e ouse mais.
    Não foi uma ousadia quando vc começou a dançar? Hj vc nem lembra ne?
    Então, é tudo igual.
    Atreve-te. Eu espero me atrever também
    Beijos querido

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