domingo, 6 de março de 2011

O mundo gira e a Lusitana roda

É, no mínimo interessante observar a dinâmica da vida, principalmente quando você é o observador e o protagonista da história.
Acontece algo muito grave com você e o mundo parece girar ao seu redor. Todos querem saber, todos têm uma opinião, todos se mobilizam querendo ajudar. Ligam várias vezes ao dia, mandam e-mails, MSN, mensagens no Face.
Guardadas, lógico, as devidas proporções, me remeto aos atentados de 11/09 ou à eclosão de qualquer guerra: primeira página dos jornais por três ou quatro dias, segunda página, depois só lá dentro do jornal e, por fim, notícias esporádicas até ninguém mais falar do assunto.
Tem que ser assim por força. As notícias vão se renovando na vida de todo mundo que está na roda-viva normal dessa nossa existência corrida. O trabalho, as preocupações, as obrigações... Você deixa de ser novidade e todo mundo assume, finalmente, que não pode fazer nada. Se, todos os dias, as pessoas ligam e nada muda, acostumar-se com a situação é a única solução possível, até para você mesmo.
Todos os dias, eu acordava com a sensação (ou esperança) de que tudo não passava de um sonho, e, ato contínuo ao acordar, tentava mexer minha mão. Em vão.
Hoje já não fiz isso. Acordei e já sabia que nada havia mudado.
Quem sabe o que foi feito do Fábio Barreto depois do acidente que ocupou as primeiras paginas dos jornais e as manchetes da TV? Nunca mais se ouviu falar.
Eu sei que ele não melhorou quase nada porque conheço pessoas da família mas agora isso é um assunto totalmente privado. Foi público porque ele é uma pessoa pública.
Pensando bem, e eu? Porque tornei pública e minha vida privada já que sou completamente anônima?
Para gerar torcida a favor? Por carência? Para ser mais paparicada?
Tudo isso pode ser, mas não sei se fiz certo. Hoje, começo a perceber que ter um doença que pode deixar seqüelas aparentes e me tornar uma pessoa com “necessidades especais” é um assunto muito delicado que contém um potencial de estigmatização muito grande – maior até do que se declarar triste e deprimida, cujas seqüelas ficam na alma e ninguém pode ver.
Bom, tudo isso são hipóteses. Não sei se não vou ficar boa e nem tenho o diagnóstico fechado. Hoje, só posso dizer que vai demorar e que, essa notícia já ficou velha.
O telefone toca menos, os e-mails também diminuíram e a minha saúde volta a ocupar o lugar de onde talvez nunca devesse ter saído: da esfera do privado. Um assunto que diz respeito a mim, à minha família e aos amigos mais íntimos.
Aqui no Blog, também não voltarei a esse assunto requentado.
Que fique claro que todos os que quiseremm notícias e saber o desfecho, serão muito bem-vindos! Só não vou mais impor o assunto a ninguém!


7 comentários:

  1. Acho que ao criar o blog já passava por sua cabeça este se expor publicamente. O que, ao menos para mim, é muito bom. Gosto do que escreve e da maneira como escreve. Mas fico espantado com o que ocorreu no mínimo pela raridade. Se bem que falar em raridade em algo dolorido soa como algo fútil. Tomara que mesmo com a “notícia” ficando velha você nos dê sinal de melhora definitiva.
    Andei escrevendo no blog, mas confesso minha inabilidade. Parece que os comentários não chegaram e um deles, acredite, veio parar em um e-mail alternativo que tenho. Não me pergunte como consegui esta proeza. Estou em casa neste carnaval e iria passar de quinta-feira pós carnaval até domingo idem em S. Pedro da Serra. Acabei de ser comunicado que não vou mais. Coisas da vida. De qualquer maneira desejo que sua cura (seria cura?) aconteça logo. Beijos. Paulo

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  2. Querido,
    ouvi seus recados na secretária, mas com tudo isso, confesso q deixei passar e não te respondi.
    Claro que vou te informar da minha cura.
    Não quer vir aqui uma hora dessas?(conforme prometido?)
    Bjs

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  3. Claudinha sabe de uma coisa que venho me dando conta

    Muitas vezes as pessoas nao sabem se devem procurar as outras quando uma coisa que nao é tao boa acontece.

    Eu tb percebi que por pior que seja o caso é sempre melhor se manifestar. Quando nao se fala nada, mesmo que por respeito ou o sem jeito, fica pior.Todo mundo inegavelemente se sente abandonado.

    Então acho melhor a gente estar perto de alguma forma.
    Mas vc tem razao se a gente bobear o mundo gira e rápido e a Lusitana roda, porque a vida de todo mundo é cheia de coisas e muitas vezes a gente nao dá a devida importancia para o que é de valor..

    e ninguem faz por mal ...só por descuido
    bj

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  4. Amore,
    eu sei que as pessoas que nào estão em casa doentees tem mil assuntoss e coisas a fazer. Exatamente por isso que achei q o blog Ao é o lugar mais para falarr desse assunto. +Parece q fico tentando chamar a atenção para o meu caso que sei q já é velho.
    Nao estou reclamando, só escrevi uma constataçao.
    Claro q vc sempre saberá de mim mas nao mais por aqui. Aqui é lugar para reflexões várias e não para contar a vida rsss
    Te amo muito

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  5. elizabeth s p mundim9 de março de 2011 às 19:17

    Claudinha, vc me fez refletir muito sobre tudo isso.
    Minha mãe, da qual sou cópia em várias características, não demonstrava sua fragilidade a ningúem, era preciso esconder os "podres" - isso que vc chama de público e privado e varrer a poeira para debaixo do tapete. A doença era uma dessas manifestações. Por fora bela viola....
    Cresci com esse ranço, meus filhos pequenos quando adoeciam eu entrava em pânico, uma febre alta já significava a morte!
    Com a vivência, algumas experiências dolorosas, encaro diferente. Hoje, acho saudável poder dividir com as pessoas a minha dor, falar delas me ajuda diminuir a angústia e não vejo mais como algo vergonhoso, que precise ser "escondido".
    Se as pessoas não se manifestam conforme esperávamos, prefiro acreditar que elas também precisem de um tempinho para digerir e entrar em contato com a própria fragilidade.

    Quero sempre saber de vc; beijo grande e saudoso.

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  6. Cláudia querida, já fiquei um ano de molho sem andar, por um acidente de moto que estraçalhou o meu joelho. Duas cirurgias, infecção hospitalar etc.... Ouvi um diagnóstico de um ortopedista famoso de SP que eu nunca mais iria andar sem muletas. Fisio seria totalmente contra indicado no meu caso. Um dia um amigo que correu na Formula Indy e se quebrou todo, me levou à um ortopedista especializado em esportes. Custou caro, pois o meu plano de saúde não cobria, mas voltei a andar normalmente e até correr. Pedalo 50km numa boa. Veja como são essas coisas. Não poupe seu tempo em investigações, vá fuçar tudo e quem sabe, vc terá uma boa surpresa. Sorry pela opinião, mas vc é querida. BjÃO

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