quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Auto - sabotagem em forma de dor


Hoje estou precisando desesperadamente escrever (embora não devesse), numa tentativa talvez vã de desviar meu pensamento e meu foco da dor que estou sentindo. Uma dor horrível que sai do pescoço, passa pela escápula direita, vai até o cotovelo. Do cotovelo para baixo é uma queimação só e nenhuma força na mão direita. Não consigo virar a chave do carro, puxar o freio de mão, nem soltar, claro, abrir uma garrafa. nada..estou, por assim dizer aleijada temporariamente (eu espero). E que estranho que é isso. Se sentir inválida, precisando de ajuda para tudo ou me ferrando inteira para fazer sozinha as coisas mais banais. A minha esquerda já nunca foi muito boa. Agora a direita é pior que ela.
Os remédios fortíssimos, opiáceos, dão jeito de amenizar a dor, não passar totalmente, mas a força não sei como vai ser. Os resultados dos exames ainda demoram.
Estou contanto tudo isso, porque terça feira embarco para uma aventura interna e queria estar muito bem. Ou não queria e essa dor é uma forma de me fazer desistir? Por que assim do nada, de repente, eu acordo uma segunda de manhã, uma semana antes da tal viagem, totalmente incapacitada?
Que pode ser isso além de uma baita sacanagem da minha cabeça para me fazer desistir?
Mas não vai. Eu vou com muita dor, parte das funções comprometidas, mas vou. Se uma parte de mim pensa que é mole assim enganou-se.
Agora uma coisa me causa verdadeiramente um embaraço. Descobri que tinha uma crença de que já tinha passado por tantas dores na vida (dores excruciantes) que achava que minha parte estava cumprida.
Não existe isso! Não existe limite nem fundo do poço. Ele é infinitamente profundo e a gente nunca pode acreditar que acabou. O que tiver a ver com seu jeito de ser vai aparecer sempre, em forma de dor ou outra coisa.
Ainda falando de dor, como é difícil abstrair dela! Tento meditar, conversar, trabalhar, mas ela está lá, pedindo para que eu preste atenção nela como se fosse a única coisa importante na minha vida.
Tento separá-la do resto, imaginar que ela está fora do meu corpo, alucino que posso cortar esse braço e partí-lo em mil pedaços até esmagar a dor. Mas sabem o que acontece nessas fantasias? O braço está lá, estraçalhado, mas a dor lateja, no trilho do trem, como um rabo de lagartixa que se mexe para além da lagartixa.  Ela tem vida própria a danada teima em voltar para mim que sou o lugar e o corpo ao qual ela pertence.
Desisto de fantasiar. Aceito. Ela é minha e vou ter que, sozinha, me livrar dela.
Pegou-me, mas não vai frustrar meus planos fique ela sabendo.
Ela é forte? Eu sou mais.

4 comentários:

  1. Cláudia, é a coluna!?
    Bem, espero que você esteja em repouso absoluto até que o resultado dos exames fiquem prontos.
    Fez ressonância?
    Isso é mesmo muito doloroso...e o que te dizer, amada? Força, paciência...me parece pouco...
    O que posso fazer para te ajudar, mesmo tão distante? Me diz!

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  2. É a coluna sim Cris. Tá brabo. Força 0 na mão direita. Não consigo me vestir, pentear o cabelo, nada.
    estou em processo de e aceitação de q não vou mais viajar. A coisa é séria e preciso me tratar.
    Nada a faze no momento.
    Tomara que esteja tudo dando certo aí
    Bjs
    Saudades

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  3. Estive (estou) longe de tudo, sei sto é possível. Retorno hoje e venho direto ao seu blog. O que está acontecendo? Foi assim de repente? Deixei recado na secretária, mas voltarei a deixar. Beijos. Paulo

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  4. Eu sei bem o que é isto, amiga!
    Prefiro te ligar...lembrei de uma palavra importante - resilência. Vamos brincar um pouco com ela para passar o tempo?

    besos

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