terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Alegria e recolhimento

Não sei se acontece com todo mundo, mas alegria em excesso me cansa muito!
Desde o sábado que antecedeu meu aniversário, tenho vivido quase em estado alterado de consciência de tanta alegria.
Começou no sábado porque venho ruminando a idéia de que minha mãe de 80 anos está cansada de produzir todos os almoços de domingo. São anos sem conta com essa incumbência.
Almoços de domingo são, para mim, uma tradição muito cara e me dei conta que era chegada a hora de alguma filha assumir esse papel.
Não seria minha irmã por nada nesse mundo, então decidi que sou eu.
Primeiro, e até já comentei aqui, que alimentar quem eu gosto é uma vocação que tenho negligenciado nos últimos anos. Resolvi que era hora de retomar e me dar esse prazer. Não só alimentar, mas preparar todo o ambiente, enfeitar a casa, fazer uma bela mesa, homenagear de verdade quem estou recebendo. Nada que se pareça com obrigação. Li ou escutei uma poesia uma vez que falava assim: receber é estar com "a casa limpa, a mesa posta, cada coisa em seu lugar”. Nunca me esqueci porque acho que devemos aplicar isso em qualquer circunstância da vida. No trabalho, ao recebermos um funcionário novo ou um cliente, quando recebemos amigos, quando vamos fazer uma palestra, dar uma aula. Quanto mais você cuida de tudo, mais as coisas dão certo e as pessoas se sentem importantes. Nunca é demais se sentir esperado e homenageado. Ainda faço "frescuras" extras se dá tempo. Coloco cartazes de boas vindas na porta, e procuro me lembrar das coisas que as pessoas mais gostam para tudo sair a contento: a música, a sobremesa, as flores. É o que chamo o genuíno prazer de servir. Eu tenho muito aflorado esse prazer.
Bom, mas passei sábado e domingo numa alegria imensa preparando tudo. Felizmente uma amiga estava aqui e me ajudou e nos divertimos muito enquanto trabalhávamos.
Claro que saiu tudo perfeito, todos adoraram e eu não cabia em mim de contente.
Depois veio a segunda feira e eu já estava eufórica com a perspectiva do meu aniversário.
A semana passou com a ansiedade e a alegria como pano de fundo e de quebra ainda virei uma noite ajudando uma amiga a concluir seus trabalhos de curso. Sou assim. Ela estava em um curso puxadíssimo e eu dominava o assunto. Ela chegou aqui meia-noite e fomos até as 5 da manhã. Demos conta do recado e eu fiquei de novo muito, muito alegre por ter ajudado.
Depois veio o dia propriamente dito e, mais uma alegria sem tamanho. Uma plenitude. Um fim de semana de comemorações e emoções super fortes
Resultado; estou exausta de ficar alegre e o recolhimento se impõe como forma de retomar minha serenidade.
Será que sou exagerada tanto para ficar alegre quanto para ficar triste? Não estou triste agora, é claro, mas extenuada.
Será que todo sentimento para mim tem que ser assim extremo? Dramático? Impossível de conter? Acho que sim e não sei ainda se isso é bom ou mau.
Sei que não perco uma gota, nem da alegria nem da tristeza e acho que ambas vão contribuindo para o meu desenvolvimento de alguma forma.
Como pretendo ficar mais alegre do que triste daqui para frente, talvez fosse bom saber dar uma dosada. Mas que fazer se certas coisas, ainda que pequenas, me levam ao céu?
Hoje deveria ir a um show de um amigo. Não seria mau escutar um cavaquinho hoje mas não dá.
É preciso respeitar os limites. E de mais a mais, o recolhimento é bom também. Ficar aqui pensando, escrevendo, estudando, fazendo planos, refletindo...
Acho que essa é uma das expressões das impermanências da vida. Ora uma coisa, ora outra e a gente se conhecendo mais, desenvolvendo mais nossos potenciais, descobrindo prazeres adormecidos, vivendo mais, nos surpreendendo mais.
Gosto disso.  Cada coisa no seu momento. Deve estar bem assim.

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