segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Aniversário

Sempre adorei fazer aniversário. No entanto, foi sempre um tanto frustrante já que fevereiro é mês de férias e poucos amigos estavam na cidade para prestigiar as festas que minha mãe tão carinhosamente produzia. Ah! O bolo de carrossel, os docinhos, a alegria, a expectativa...
Fui crescendo e em vários anos o dia 13 de fevereiro foi carnaval – garantia de não conseguir ver ninguém ou muito poucos e as primaveras foram se sucedendo sem que eu nunca perdesse o entusiasmo com a data apesar dos pesares. Festas maiores ou menores, mas a alegria a mesma.
Depois da GRANDE DEPRESSÃO (não a americana, a minha mesmo), deixei de curtir a data, como de resto deixei de me interessar pela maior parte das atividades sociais. Fechei-me em copas e não posso dizer hoje que foi em vão. Mas foi bem doído. Comemorava a duras penas com a família, menos por mim e muito mais pela minha filha.
Nos anos em que estava um pouco melhor na data, tentava ver as melhores amigas, mas a luz nunca esteve muito presente. Aniversários meio sombrios.
Vejo agora que a gente não perde o que se é de verdade. Fica adormecido, esquecemos por algum tempo, mas está tudo lá, esperando a deixa para voltar à tona e expandir-se.
Assim foi que me vi entusiasmadíssima com os 54 anos. A mesma alegria de outrora, a mesma vontade de compartilhar essa alegria com o máximo de gente querida possível, o mesmo otimismo diante da vida e do ano que começa no dia do aniversário, que para mim é muito mais representativo que a entrada de um novo ano no dia 31/12.
Voltei a me sentir grande e importante e a ter vontade de celebrar e me render homenagens.
Foi uma mágica. Apesar de muitas pessoas importantes para mim não terem estado lá (o que confesso chegou a dar uma ameaçada na minha plenitude), acabou sendo perfeito. Talvez mais realmente tivesse sido menos como muito acertadamente disse a Cecília.
Pensei mesmo em me chatear mas que nada! As pessoas têm mil motivos para não poderem ou não quererem em algum momento ir a comemorações. A quantas deixei de ir e não por desamor. Importância não se mede por presença em festas. Isso seria muito pequeno da minha parte. O universo conspirou a meu favor de qualquer jeito.
Há muito tempo eu não presenciava nem vivia uma noite tão perfeita.
Primeiro, o afeto não cabia em mim. Estava amando profundamente cada uma daquelas pessoas que se dispuseram a passar comigo esse dia especial. Não eram muitas, mas todas eram parte de mim e cada uma contava um pedaço da história da minha vida.
Algumas conheço da vida toda e agradeço por isso. É muito reconfortante estar com pessoas que sabem que a gente não nasceu velha. Que sabem como fomos quando éramos jovens.
Outras são mais recentes, mas não menos importantes. Elas me mostram que não desisti de fazer amigos e reafirmam minha capacidade de amar, de me importar, e de ser correspondida e querida mesmo sendo uma pessoa um tanto estranha por assim dizer.
Agradeço por isso também. Aos 54, quando a maioria das pessoas já está intolerante com grandes diferenças e cheias de restrições a quem permitem que entrem nas suas vidas, eu estou escancarada.
Cada amigo que temos não é à toa. Eles sempre nos mostram um pedaço de nós. Por isso também é que a gente não consegue ser amiga de qualquer pessoa. Se, no jogo de reflexos que são as relações, uma pessoa não reflete nada de volta do que você emana, esta certamente não é uma candidata. E daí a mágica que ocorre quando, até sem muita explicação, duas pessoas se maravilham uma diante da outra e passam a fazer parte uma da outra. Deu-se o milagre.
Segundo, a noite estava linda, uma meia lua brilhava sobre nossas cabeças e o astral. não podia estar melhor, mais agradável, entrosamento perfeito entre pessoas que mal se conheciam e por momentos eu ficava quieta olhando a cena e sorrindo de  satisfação por dentro, percebendo mais uma vez que as escolhas que faço na vida em relação aos amigos  são muito, muito acertadas. Tenho muita sorte porque não basta escolher, é preciso ser escolhida também.
E foi assim que essas pessoas queridas me proporcionaram uma noite que eu gostaria que não acabasse nunca, que ficasse congelada para sempre. Não a noite talvez, mas a alegria que eu estava sentindo.
No fundo, não tem problema que ela tenha terminado. O carinho saiu de lá ainda mais fortalecido e é com ele que seguiremos produzindo muitos outros dias e noites de afeto e bom papo. De troca, confidências, intimidades. Talvez nem sempre seja só alegre, talvez nem sempre haja aniversários, nem sempre motivos para comemorar. Talvez haja mesmo tristezas a dividir, mas sempre haverá a certeza de que juntos somos melhores, e esse é o grande motivo de celebração: a amizade e a comunhão de almas.
Hoje estou me sentindo abençoada porque a comemoração prosseguiu  e foi a vez da família. Que bom  que foi o almoço, Claro que como em quase todos os aniversários, revivemos nossas melhores histórias , às vezes já muito repetidas.O pai conta como eu bebê chamava a atenção das pessoas no aeroporto de tão linda que era. A mãe conta como eu era levada e não parava um minuto. Como vivia me machucando por conta das estripulias. A tia lembra de cada viagem, os irmãos contam passagens engraçadíssimas da nossa infância e juventude.
Rimos muito, foi um delícia. E melhor ainda saber que hoje tem a Laura ouvindo essas histórias e de alguma forma absorvendo o que temos de melhor. Essas histórias repetidas, que para muitos são chatas, me deliciam porque reafirmam a cada oportunidade, que foi bom termos vivido juntos e que construímos elos muito potentes que nos fortaleceram a todos. 
Assim, foi tudo de bom. Tudo que eu esperava desse aniversário como símbolo da inauguração de um ano que, se eu souber fazer tudo direitinho, será sensacional!

3 comentários:

  1. O privilégio foi nosso de poder ter estado ali com vc. Bjs, Evelyn

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  2. Vc VAI fazer tudo direitinho sim e a gente vai estar por perto pra comemorar! Bjs, Marcia

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  3. Oba La Marcie....tudo que quero é comemorar MUITOOOOO
    Bjs amadíssima

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