quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vem chegando o verão

Os homens podem  controlar o horário de verão mas não podem controlar o verão. O clima que paira no ar, o canto altíssimo das cigarras, a praia cheia às 19:00, a lagoa pulsando de vida, pessoas passeando, as ruas cheias, a vontade de sair de casa, de participar da festa, estas coisas acontecem de uma hora para outra. Não têm data marcada. De uma hora para outra o verão se anuncia e acontece. Senti isso hoje pela primeira vez esse ano.
E como é bom o verão!
Na década de 80, vivi verões inesquecíveis. Tudo era mágico. Tudo era “culpa” do verão. Qualquer exagero, qualquer excesso, qualquer loucura....ah, é verão....Tinha um amigo que costumava dizer “o verão é foda” e esse virou nosso lema por muitos e muitos anos.
Não havia nada que não fosse completamente sensual: os corpos queimados,  a pouquíssima roupa, todos de cabelos molhados sempre, pés de fora, pernas de fora. Dias inteiros  na praia, partida para Búzios absolutamente toda sexta à noite, muita cerveja, muita risada, muita festa.
Na Azeda, nosso fornecedor de caipirinhas de maracujá com carocinhos, o Seu João ( eu costumava dizer que morder o caroço do maracujá dava tesão, o que é óbvio já que é o “fruit de la passion") já nos esperava todo sábado.
E o que começava por volta de meio dia, se estendia às vezes até de madrugada (salvo as baixas que iam ficando pelo caminho) todos ainda de biquíni, aproveitando qualquer música para dançar e expressar aquela leveza, alegria e falta de compromisso daqueles anos.
Que delícia! que saudade! agradeço por ter vivido todos esses anos e verões com tanta intensidade e alegria, junto com amigos tão queridos, tão íntimos,tão próximos e tão engraçados. Acho que o que ri naqueles verões talvez pudesse ter valido para a vida inteira não fosse o fato de eu continuar a rir até hoje.
Hoje ainda amo o verão. Claro que o calor exagerado não é confortável; claro que o ar-refrigerado é a segunda maior invenção do homem – depois da anestesia; claro que já não temos a paz e a tranquilidade de andar pelas estradas e ruas de madrugada; claro que a vida não é mais a mesma, que vivemos a paranóia da camada de ozônio e pegar sol sem filtro solar nem pensar, nem as loucuras são as mesmas,  nem as expectativas. Claro que mudamos e estranho seria se não tivéssemos mudado.
Mas o verão...esse é o  mesmo.
Hoje adoro o verão para acordar bem cedinho e ir à praia quando o sol acabou de nascer. A areia ainda meio fria....leio o jornal, dou muitos mergulhos daqueles que lavam, enxaguam e passam o corpo e a alma. Ganho o dia.
Posso ir trabalhar ou qualquer outra coisa. No final da tarde, caminhar calmamente pela lagoa, totalmente inebriada com a beleza, com as fisionomias alegres, tomar uma água de coco, quem sabe uma cerveja, e ver a vida passar nem que seja por meia hora.
No verão sou turista no Rio. Meu olhar muda, minha vida muda. Tenho a mesmíssima rotina de sempre, mas tenho as férias na alma e posso olhar cada detalhe como se fosse a primeira  vez!
Mudei eu, mudou o mundo, mas o verão...ah! esse não mudará nunca!

Um comentário:

  1. Querida, o verão no RJ é sensacional, mesmo!
    Já em BH, ficamos debaixo d'água durante todo o mês de janeiro, precisamos acender as lâmpadas de manhã, pois c o horário de verão, tudo fica um breu só. Por isso mineiro adora uma praia e podendo, viajamos e fazemos a maior "farofa" onde estivermos... Quem tem fama, deita na cama.

    Beijos belorizontinos

    ResponderExcluir