domingo, 7 de novembro de 2010

Atração

Por quem nos sentimos atraídos?
Ironia das ironias, por nós mesmos!!
Explico: segundo a teoria psicanalítica, e vou falar aqui muito a “grosso modo”,  até os 5 anos mais ou menos, não temos nenhuma consciência do sexo ao qual pertencemos. Por isso, somos livres para nos identificar e imaginar que somos de verdade qualquer pessoa de que gostemos de qualquer sexo. Sendo menina, e sentindo falta do pai por exemplo, posso “alucinar” que sou ele para suprir a falta sem nenhum problema. Um menino, pode se identificar com a professora e “alucinar” que é ela a qualquer momento.
Por volta dos 5 anos acontece o terrível rompimento. Passamos a ter consciência do nosso sexo e temos obrigatoriamente que reprimir todas as identificações com o sexo oposto. A menina  não pode mais imaginar ser o professor (ela não é homem) e o menino não pode mais “alucinar” que é a própria mãe. Um pedaço nosso se perde para sempre.
Daí a constante sensação de falta e de não sermos seres completos. Amputamos uma parte nossa que foi parar no inconsciente e que, portanto, não está mais acessível.
Muito mais tarde, quando já podemos exercer nosso papéis sexuais de mulheres e homens, nos sentimos extremamente atraídos e nos apaixonamos por aqueles que têm alguma ligação com nossas identificações que foram reprimidas. Mas elas eram parte de nós e portanto, essa pessoa adulta que hoje nos atrai, nos atrai justamente por isso: por que nos reconhecemos nela e de certa forma ela é a gente.
Freud dizia (sempre ele, o gênio) : “Nada existe de mais egoísta e  mal humorado que o ser humano; aquele que só fica alegre quando quem veio visitá-lo é ele mesmo”. Não é perfeito?
 E mais : “A paixão suspende as repressões e instala as perversões”  diz Freud,  diante do fato de que nada nos separa do corpo amado, não há nenhuma repugnância nem mesmo diante do que normalmente (com outra pessoa qualquer) acharíamos nojento.
Algumas dessas paixões por si próprios dão em nada pelo simples fato de que quando necessariamente a intensidade do sexo diminui ( o que é inexorável com o passar do tempo pois nenhuma paixão dura para sempre) as diferenças entre os dois acaba e voltam a ser o que eram: a mesma pessoa. Viram irmãos gêmeos e já não podem mais se amar e fazer sexo.
O grande segredo do homem dividido é que, para ser um são precisos dois, daí os apaixonados usarem freneticamente o outro para se encontrarem inteiros.
Dizem os psicanalistas que  não tem que ser assim. O que se precisa é tomar cuidado para manter as diferenças acesas, para que a sexualidade não desapareça. Não devemos nunca nos "fundir" com o amado.
Para isso, é preciso que as duas pessoas tenham outras fontes de alimentação além do ser amado. Amem outras coisas e pessoas, sobretudo a si mesmos.
Há esperanças para o amor mesmo depois desse encontro tão eufórico conosco mesmos....
Aprendamos com isso!

Obs.: esse resumo foi feito a partir de um livro do Alberto Goldin chamado Amores Freudianos. É um livro velhinho que tinha aqui e foi dele que me lembrei quando comecei a pensar sobre atração. Sabia que já tinha lido algo que, para mim, explicava muito bem.

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