Fiquei ontem até de madrugada conversando com um amigo sobre a possibilidade e/ou conveniência de vivermos uma paixão depois dos 50 anos. Não ele e eu, bem entendido, estávamos só teorizando sobre a vida.
Claro que é uma conversa difícil e sem conclusão possível, sobretudo porque são muito poucas as palavras do nosso vocabulário para falar de uma gama interminável, sutil e sofisticada de emoções e sentimentos.
Falhamos já na comunicação. Nosso repertório para esse assunto se resume a amor e paixão e como isso é pobre!
Bom, mas ele dizia que nem dá mais para vivermos paixões pois isso requer um bocado de ingenuidade e, mais importante, paixão é sinônimo de sofrimento e depois dos 50 não queremos mais isso.
Mas as paixões não necessariamente precisam ser como a do Werther de Goethe ou as descritas por Proust. Podem ser mais felizes! Isso sou eu que penso.
O fato é que não sei se essa associação dele tão imediata de paixão com sofrimento tem a ver com alguma experiência passada. Na prática está completamente fechado para esse tipo de sentimento que nos faz perder o chão, a respiração, passar os dias e noites pensando numa coisa só, que nos faz mover montanhas para estar com o objeto da paixão, que nos faz perder a noção de medida e nos deixa totalmente exauridos!
Então me caiu a ficha de por que toda vez que ele me conta de uma namorada nova e eu pergunto se ele está apaixonado ele diz: "Não!". E eu sempre ficava pensando: "como se pode começar um namoro sem estar apaixonado?". É que pra ele isso não existe como possibilidade, o que não quer dizer que não esteja amando ou pelo menos gostando muito: eu espero.
Mas as paixões não necessariamente precisam ser como a do Werther de Goethe ou as descritas por Proust. Podem ser mais felizes! Isso sou eu que penso.
O fato é que não sei se essa associação dele tão imediata de paixão com sofrimento tem a ver com alguma experiência passada. Na prática está completamente fechado para esse tipo de sentimento que nos faz perder o chão, a respiração, passar os dias e noites pensando numa coisa só, que nos faz mover montanhas para estar com o objeto da paixão, que nos faz perder a noção de medida e nos deixa totalmente exauridos!
Então me caiu a ficha de por que toda vez que ele me conta de uma namorada nova e eu pergunto se ele está apaixonado ele diz: "Não!". E eu sempre ficava pensando: "como se pode começar um namoro sem estar apaixonado?". É que pra ele isso não existe como possibilidade, o que não quer dizer que não esteja amando ou pelo menos gostando muito: eu espero.
Eu, por meu lado, dizia que ainda tinha esperança de viver isso, que a história das minhas paixões só tinha deixado boas lembranças, que todas as loucuras que fiz na vida por paixão valeram cada segundo (isso eu não disse mas estou pensando agora). Claro que algum sofrimento faz parte mas esse preço é bem baixo diante da intensidade, da alegria e da energia que a paixão nos dá. Todas (ou quase todas ) as minhas paixões foram vividas durante o tempo certo para eu não morrer de exaustão e não botar toda a minha vida a perder. E se transmutaram em romances mais calmos e, consequentemente casamentos. Casamentos acabam por vezes. Ninguém sabe onde e quando eles começam a acabar mas um belo dia acabam. Faz parte. Superada a dor em geral estamos prontos para começarmos tudo de novo. Com algumas variações e aperfeiçoamentos talvez (embora tendamos muito a repetir padrões mas isso é outra história).
Só o que a gente não espera, é que uma hora passamos dos 50 e muita coisa já dá preguiça, já não temos mais a mesma energia ( me lembro que me apaixonei por um cara que morava em Búzios e saía do trabalho às 18:00 para ir dormir com ele e estar de volta às 9:00 do dia seguinte! E se eu ficava triste ou chorava no telefone, ele se despencava, me botava para dormir e ia embora). Tirávamos de letra e fazíamos isso muito seguidamente.....Hoje pensaria mil vezes e, claro, não faria. Como de resto não faria um monte de outras coisas. Mas não por falta de paixão e sim de forças!
Assim, a paixão entre pessoas maduras de fato perde em intensidade, charme, surpresas e o meu amigo traduz isso dizendo que na maturidade é preciso viver “amores maduros” (são os tais amores que ele vive com as namoradas que eu só nessa conversa entendi).
Mas, fico me perguntando, será que só porque somos maduros os amores já podem nascer maduros? Começam maduros assim de uma hora para outra? Chegam à maturidade sem passar por nenhuma das fases que levam ao amadurecimento? Ser flor, virar fruto verde e por fim fruto maduro escapando de todas as pragas possíveis, dos passarinhos que os comem antes de podermos desfrutar desse fruto (com trocadilho por favor).? Desconfio. O amor-flor é necessariamente diferente do amor-fruto verde que por sua vez é diferente do amor-fruto maduro.
Aí ele definiu a coisa de uma forma que a mim pareceu fria e calculada: os amores maduros se prestam a um “cotidiano funcional”. Nunca ouvi nada mais sem sabor - o fruto cheio de agro tóxicos e fertilizantes, amadurecido à força, que não sabe a nada.
Que graça pode ter um romance traduzido em "cotidiano funcional"? Um serve ao outro para facilitar o cotidiano, fazê-lo funcionar de forma menos insípida? Dependendo das "funcionalidades importantes" que compõem o cotidiano de cada um - companhia para atividades, sexo certamente, conversas etc o parceiro deverá preenchê-las e assim se configurará um amor maduro. Neste caso, bastaria fazer uma lista de coisas a serem cumpridas pelos dois e voilà! nasceu um amor maduro!
Nada se disse sobre o profundo entendimento mútuo quando calar expressa muito mais que falar, sobre a alegria permanente só pelo fato do outro existir e fazer parte da nossa vida, sobre a intimidade gostosa que só se conquista com o tempo e a convivência, sobre projetos e planos para o futuro e todas aquelas coisas que a gente costuma chamar de amor (talvez ele sinta e tenha tudo isso em seus amores, só não tenha dito, não posso julgar).
Mas dito mesmo, a única coisa que me agradou muito foi que nesses amores um pode contar sempre com o outro. Isso é o máximo mas também há os amigos, a família, se for o caso de não temos um "amor maduro".
Que graça pode ter um romance traduzido em "cotidiano funcional"? Um serve ao outro para facilitar o cotidiano, fazê-lo funcionar de forma menos insípida? Dependendo das "funcionalidades importantes" que compõem o cotidiano de cada um - companhia para atividades, sexo certamente, conversas etc o parceiro deverá preenchê-las e assim se configurará um amor maduro. Neste caso, bastaria fazer uma lista de coisas a serem cumpridas pelos dois e voilà! nasceu um amor maduro!
Nada se disse sobre o profundo entendimento mútuo quando calar expressa muito mais que falar, sobre a alegria permanente só pelo fato do outro existir e fazer parte da nossa vida, sobre a intimidade gostosa que só se conquista com o tempo e a convivência, sobre projetos e planos para o futuro e todas aquelas coisas que a gente costuma chamar de amor (talvez ele sinta e tenha tudo isso em seus amores, só não tenha dito, não posso julgar).
Mas dito mesmo, a única coisa que me agradou muito foi que nesses amores um pode contar sempre com o outro. Isso é o máximo mas também há os amigos, a família, se for o caso de não temos um "amor maduro".
Gostei da expressão “amor maduro” mas discordo da mecânica da coisa da forma como a entendi, ou seja, praticamente qualquer um pode servir para um "cotidiano funcional".
E ele não deixa transparecer nem por um momento se está feliz, pleno e realizado com suas escolhas. É uma incógnita. Não consigo saber se essa abordagem é capaz de trazer muitas satisfações, se é um caminho a tentar "imitar".
Talvez tenha sacado que a vida é só isso mesmo e querer mais é necessariamente se decepcionar.
Isso é uma sabedoria: conformar-se com o pouco que é a vida nossa de cada dia; saber que plenitude e felicidade são meros conceitos sem a menor relação com a realidade.
Nesse caso, penso que o que daria sabor seria a busca, embora com a certeza de nunca encontrar.
E ele não deixa transparecer nem por um momento se está feliz, pleno e realizado com suas escolhas. É uma incógnita. Não consigo saber se essa abordagem é capaz de trazer muitas satisfações, se é um caminho a tentar "imitar".
Talvez tenha sacado que a vida é só isso mesmo e querer mais é necessariamente se decepcionar.
Isso é uma sabedoria: conformar-se com o pouco que é a vida nossa de cada dia; saber que plenitude e felicidade são meros conceitos sem a menor relação com a realidade.
Nesse caso, penso que o que daria sabor seria a busca, embora com a certeza de nunca encontrar.
Mas cada um sabe como pode e é capaz de viver. Como ele é incapaz de viver sozinho, "cotidianos funcionais" já estão valendo. Acho que para mim não serviria porque gosto da solidão e a vida sozinha (sem um parceiro) me dá muito prazer.Não há muitas "funções" que eu precise ou queira que alguém exerça.Talvez carinho e sexo mas até para isso preciso de outras coisas. Há sim "trocas" mais profundas que eu gostaria que acontecessem ainda na minha vida.
Não estou contando isso à toa. É que pensando e pensando concluí que não precisa começar por paixão (como ele mesmo disse). Concordei mas fiquei encafifada tendo certeza de que precisa haver alguma emoção, só não conseguia saber o nome
E a emoção que encontrei, mais próxima do que seria um bom começo é a atração! O resto, que venha se tiver de vir ou não venha!
Claro que esse assunto dá muitas e muitas teses e um dia contarei a história de uma paixão que tive, essa sim, plena de sofrimento mas que de tanto sofrer virou uma historia do folclore da nossa turma daquela época. Até aquela valeu a pena!
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