domingo, 12 de setembro de 2010

Sem querer sublimei

Para a psicanálise, sublimação é, “a grosso modo”, um processo inconsciente pelo qual a energia da libido se desvia para trabalhos mentais criativos, socialmente desejáveis.
Não sou psicanalista nem estudiosa da matéria, e ainda por cima muito ignorante, de forma que me escapa o que todos dizem compreender perfeitamente: por que Freud concluiu que na origem de todas as nossas paixões e emoções está a sexualidade.
Mas acho que isso nem vem ao caso agora.
O que vem ao caso, é que entendi finalmente, depois de muito me interrogar , que o  que se passou nos dias em que comecei a escrever foi tão somente sublimação de emoções negativas que, no tal processo inconsciente se transformaram em algo de bom e produtivo (pelo menos para mim).

Depois que tive essa certeza, comecei a revirar as “emoções negativas” para entender se eram todas tão claras quanto me pareciam. Não eram!
Na superfície estavam sim as emoções negativas causadas pela doença: desânimo, culpa por não estar fazendo o que as pessoas esperavam de mim no momento, o sentimento ruim e desconcertante da nossa vulnerabilidade que sempre bate quando a gente fica doente ou um imprevisto acontece.
No entanto – e não foi nada bom descobrir isso, havia mais.
Recentemente me senti desiludida e decepcionada com algumas pessoas que adorava e confiava.
Senti raiva mesmo e entendi que no bolo de todas as emoções negativas estavam essas também, sendo a raiva a pior de todas: a mais grotesca, destruidora e fora do repertório de sensações com as quais sou capaz de conviver.
Talvez o poder superior da raiva tenha desencadeado todo o processo.
Se assim for, viva a raiva!

O fato é que é uma bênção saber que nosso inconsciente é capaz de transformar coisas ruins e destruidoras em outras sublimes e construtivas. Não se trata de forma alguma de reprimir mas de transformar mesmo. Isso é lindo e encorajador.
A grande pena, é que segundo o mesmo velho Freud, “a sublimação não é matéria para o consciente...até porque os excessos não se curam com bons conselhos”.

Mas quem sabe ele esteja errado? Quem sabe haja um caminho através do qual a gente possa escolher e exercitar transformar nossos excessos, paixões e emoções  perniciosas em coisas sublimes, calmas, suaves, refrescantes e purificantes?

Eu já tenho minha lista e estou disposta a tentar. De que jeito não sei ainda,  mas conto assim que descobrir qualquer pista que possa levar ao sucesso dessa empreitada.

Vamos combinar que quem conseguir progressos ou já for detentor do segredo do cálice sagrado vai compartilhar também?

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