quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A que será que se destina?


Ontem, doente, me sentindo muito mal, tive uma pulsão de vida que me fez passar horas fazendo esse Blog e achando que com isso estaria conectada com toda a vida do mundo. E fazia planos também: quando melhorar, não vou mais perder tempo. Vou me conectar de verdade às pessoas queridas, marcar encontros, almoços, conversas. Vou tocar meus projetos todos com a maior determinação, vou fazer ginástica enfim... era quase uma carta de intenções de ano novo.

E o que acontece com todas essas cartas e todas essas intenções?
Acontece que quase morrer não faz diferença nenhuma, morrer é que faz.
A gente esquece de tudo que pensou e sentiu e tudo continua exatamente igual.


Mesmo antes que a vida volte ao normal e eu volte a perder tempo e não cumpra meus planos, já estou pensando: porque o Blog? A quem pode interessar o que estou pensando ou deixando de pensar?
Que diferença faz isso no meio de milhares talvez milhões de pensamentos e opiniões muito mais bem elaborados e interessantes que os meus? Logo eu que não tenho opinião nenhuma?
A que se destina escrever sobre o que me vai à cabeça ou na alma?


Será que fui mordida pela mosca azul moderna que faz com que ninguém queira ser anônimo e aí se trata de pura vaidade?
Ter que ser público nem que seja nessa rede de bilhões é uma doença contagiosa que me pegou tanto quanto as bactérias aos meus pulmões?
Ou será um interesse genuíno de expressão como quem toca um instrumento ou pinta um quadro e eu, que não tenho esses talentos estou “aproveitando” a tecnologia fácil para tentar desenvolver alguma coisa que valha a pena?
Antigamente, os maus escritores jogavam quilos de papel fora porque tudo era lixo. Antes de ter o aval para se apresentar os músicos estudam anos e os maus pintores jogavam suas telas fora com os professores dizendo que nada daquilo era arte.


Hoje, a gente põe o lixo na rede e está tudo certo? 


Ou será solidão? Será uma forma de dizer: hei! Estou aqui! Penso logo existo?
Sei não, como de resto nada sei mesmo. É para mim e para o mundo que faço essas perguntas. 

Por enquanto me agrada a experiência. Por enquanto me faz feliz sentar aqui e escrever.
Só fico mais tranquila porque tenho um superego poderoso que usualmente tem me preservado do mais completo ridículo.
Será que ele tem também me impedido de alçar voos só pra não me esborrachar e me aparecerem as calcinhas?
Mas o que têm as calcinhas com a paisagem que se vê do céu?


2 comentários:

  1. Pra mim isso tem nome : coragem !!
    Coragem para tirar os "macaquinhos do sotão" como diria Ziraldo em O Menino Maluquinho" e deixar eles brincarem com o outro.
    Coragem para arriscar a colocar as suas palavras como tantas as que você lê e admira.

    Coragem é o tal coração em ação.
    Exercício explicito de humildade na janela rs
    Não é ? bj

    bjs

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  2. Poxa Moniquinha, adorei isso...
    Sendo assim, que me desculpem todos. O lixo vai para a rede e um dia quem sabe, de tanto exercitar a coragem, deixe de ser lixo.
    Essa sua reflexão me ajuda a querer ter outras "coragens", soltar outros macacos
    E como macaco é um bicho bagunceiro e gozador isso vai dar uma festa!!! rsrs
    Beijo e obrigada por me ajudar a refletir

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