terça-feira, 25 de março de 2014

Missão de paz

Você escolheu incondicionalmente a paz ou para você tanto faz¿
A violência justifica a sua e lhe dá uma força a mais¿
A maldade e a truculência a que temos assistido, pega sua indignação e faz o que¿
desfaz¿

E a sua violência  inata, aonde jaz -  se é que jaz¿
Sua fome de briga, sua raiva e seu necessário acerto de contas, é briga contumaz¿
Acha naturais as escolhas que todo mundo faz¿
Não lhe parece que o ódio de cada um multiplicado por bilhões nos torna menos que animais¿

Olho para minhas mãos incrédulas e não encontro bala, nem pedra, nem faca
Com o nada que não tenho, corto meu triste coração e
Não acho raiva, nem inveja, nem vontade de vingança
Só uma vaga e mansa calma, com vontade de ter esperança.

Tenho certeza de que é das fraquezas de gente como eu, que se liquefaz diante da barbárie
Que os vermes se alimentam na vã tentativa de alcançar o éden, e terem vidas celestiais ,
roubando de novo a terra que sempre nadou em sangue, e temeu, mal foi colonizada, seu capataz
Tecendo nova história que é sempre a mesma: violência em nome de deus, de riqueza, de poder,
Sem se dar conta, os imorais, de como tudo isso é pouco e é fugaz!

Quem nos enganou e disse que a paz viria logo que todo o mal fosse suprimido¿
Mas quem, meu deus, afinal, definiu o mal¿. E não só um mal, todos os males¿
E fez o mundo desejar horríveis pragas e perdas contra todos os que descompactuaram ¿
Se desse mesmo veneno já morreram tantos e nenhum “mal” jamais foi banido¿

Será a paz uma noção divina imerecida e imaterial?
Seremos nós os castigados por pecados que não cometemos¿
Pois não é assim que tem sempre sido¿
Não somos vítimas de desprezo, seres que deus ainda nem criou, apenas fantasias em potencial?

Quando estivermos todos quase mortos – de guerra, bala perdida, doença, tanto faz
Que haveremos de pensar que foi a vida¿
Alguns sentirão vergonha e arrependimento: nem de reagir fui capaz
Outros, talvez a maioria, sintam ainda a raiva que nunca passou: estivemos sempre do lado errado, que vergonha.
Estavam certos em nos achar uns boçais

E esta, que nada pode nem tampouco reagiu,
Pensa que ainda é tempo de pensar em paz
Não matando as velhas serpentes,
Mas invertendo em tal medida o que a nossa finitude apraz,
Que a vingança pacífica maior será tornar toda guerra ineficaz, até que não haja mais.

É dentro de cada um de nós que é guerra ou paz
É em nós que as bombas explodem ou as mãos se dão
E dentro das nossas almas perdidas que nasce ou se mata a vida

São nossos corações sem rumo que odeiam e amam conforme possamos ou não

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