quinta-feira, 6 de março de 2014

Gravidade


Estava louca para ver. Adoro o espaço - ou a ideia que faço dele e filmes de ficçāo científica.
Bom, para começar, nāo sei se tudo que tem espaçonaves, astronautas e se passa no espaço, está contido nesse gênero. Eu achava que ficçāo cientifica fosse tudo que projetasse um futuro que ainda nāo conhecemos, com coisas e máquinas que ainda nāo foram feitas e ideias de cidades e guerras e pessoas de um jeito como o cineasta imaginasse para uma futuro mais ou menos remoto.
O fato é que, em Gravidade, tudo já me parece do nosso tempo: naves, roupas, estaçōes espaciais etc. Claro que o filme flerta com ficçōes tais como os inesqueciveis 2001 uma odisséia no espaço e Allien o oitavo passageiro. Tenho dúvidas se é um filme de ficçāo científica, ou se é um filme de açāo  e suspense (MUITA açāo e suspense) que se passa no espaço. Nem isso importa.
Acho que estou enrolando porque nao sei bem o que dizer. 
O filme é bonito? Lindo de morrer. Tem cenas absolutamente deslumbrantes como há muito eu nāo via.
O filme é de tirar o folego? Totalmente.Tanto ou mais que Allien. Fiquei muito, muito tensa
Os atores sāo bons? Ótimos
Você acredita no filme? Totalmente. A sensaçāo é o tempo todo de estar no espaco vivendo o que, principalmente ela, está vivendo. E imaginando se aguentaria.
Mereceu todos os prêmios que ganhou? Sem dúvida alguma.
Entāo qual é o problema?
O caso é que eu, ainda assim, esperava mais.
Acho que um pouco mais de filosofia em um enredo tāo propício a subjetividades, nao faria nenhum mal. Faria um contra ponto. Mesmo que o filme crescesse um pouco.
Sim, por trás de todos os sustos, tensōes, faltas de ar etc, o filme resvala em questōes que, para mim, fazem toda a diferença.
Gravidade definitivamente mostra o espaço e as andanças humanas por ele como algo muito, mas muito desconfortavel, um lugar onde nao gostariamos de estar e, aparentemente, muito perigoso.
Penso eu ( e o astronauta diz isso), viver na terra é muito perigoso também.
No entanto, temos quase todos uma pulsāo de vida, um força que achamos para viver e superar barreiras, um apego a estar nesse mundo que, no meu entender, pode ser comparado à força da gravidade, que nos liga e prende irremediavelmente à terra. 
O filme me sugere essa metáfora. É perigosissimo sair da gravidade, mas quem ama as pesquisas e o desconhecido é lançado para fora por uma força tao forte e inelutável quanto a gravidade. E, mais ainda, a gravidade puxa essas pessoas de volta. Nāo importa o que façamos da vida. A gravidade está no comando - ou uma força muito parecida com ela.
Além disso, me fez pensar muito no encontro com nossos limites. Nem todos temos essa oportunidade na vida, mas quem precisou olhar de frente suas possibilidades todas, sentiu a vontade imensa  de desistir, a auto preservaçāo mandando continuar, deve ter saído dessa muito mais enriquecido e forte.
Me fez avaliar nossa relaçāo com o silêncio -  o filme tem alguns bons diálogos sobre isso, e nossa capacidade de adaptaçāo.
Mas nada disso é explorado com um mínimo de profundidade. É tudo produto da minha visāo. Pouco ou nada nos leva a pensar que o diretor quis falar sobre isso.
Até os dialogos, que poderiam ser muito bons em momentos tao limite, sāo fracos. Sim, o diretor quis colocar um toque de humor, mas precisava ser aquele humor americano mais besta de todos? Será que foi isso que ficou faltando?
Nao sei direito ainda. Mas estou com um buraco. Trespassada por um pedaço de lixo espacial incandescente, sem conseguir reentrar na atmosfera. 
" Houston: às cegas e à deriva" 

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