terça-feira, 11 de outubro de 2011

Amores verdadeiros

Não queria nunca ter que falar sobre isso, mas a coisa está tomando proporções além do politicamente correto. Oito em dez posts no FaceBook, falam do amor dos animais pelos homens e vice-versa. Concordo com as campanhas para eliminar os maus tratos a que os bichinhos são submetidos em diversas ocasiões. Odeio maus tratos, odeio covardia. Se o bicho não pode se defender, é canalha e sem um pingo de caráter  quem o submete.
Acontecem duas coisas que me fazem pensar: uma, que a maioria das campanhas referem-se a cães e gatos. Será que os demais não são maltratados? E todos aqueles em vias de extinção? E os elefantes mortos só pelas presas? As baleias, os micos leões dourados?
Ok entendo a diferença. Os de estimação são os que dão carinho incondicional e os selvagens ou silvestres são da categoria da preservação da biodiversidade. Não fica fazendo confusão Cláudia. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Ok. Pula essa parte.
Agora vem a mais difícil para mim: quase todo mundo é apaixonado por cachorros e gatos. Eu não (e não é sem ficar vermelha que digo isso).
Nada tenho contra eles, mas não me dizem nada. Não compreendo seu universo. Fico atrapalhada quando entro na casa de alguém e lá vem um saltitante quatro patas saldar minha chegada! Simplesmente não sei o que fazer! Não sei falar Tati be Tati com o bicho, não sei me abaixar para muitos afagos se ele for pequeno e, muito menos, ter prazer em levar lambidas na cara se ele for grande, mal educado e resolver puxar o fio da minha melhor, mais nova e mais cara blusa de tricô.
Falar com eles então, nem pensar. Não tenho assunto. Ficamos os dois completamente sem graça, esperando que alguém venha em nosso socorro e nos salve daquela situação.
Constrangedor também é receber no FB tantas fotos ”fofas” desses bichinhos nas mais variadas poses engraçadinhas, e retratos dos próprios donos expondo seus pets com todo orgulho, chamando de filhinho, papai e mamãe. Isso tudo acompanhado de textos para lá de piegas, sobre o amor recíproco entre homem e animal. A quem pode interessar a foto do seu cão dormindo, pulando no sofá, portando óculos escuros? Isso quando não são filmes. Nem filhos de verdade são postados dessa forma. Um aniversário ou outro vá lá, mas com parcimônia.
Não consigo curtir e por isso peço perdão. Não acho graça.
Só tenho uma e especialíssima amiga, de quem conheço com detalhes sua ligação, sobretudo com os cachorros e com quem consigo compartilhar todo sentimento. Mas sem falar. Ela sempre soube que minha emoção com os “peludos” é zero e não me obriga a sentir nem de longe o que ela sente. Não manda fotos nem falamos do assunto. Está implícito.
Há, eu sei quem insinue que não gostar de animais esconde um caráter duvidoso e geralmente frio e (meu Deus!) quase psicopata!
Mas não é, juro! Eu gosto de gente! Muito!
Sou capaz de amores incondicionais com gente e acho que tem gente capaz de ter isso comigo. Filhos e crianças em geral, e as especiais em particular. Essas consigo compreender e me aproximar do que sentem, pensam e precisam. Pronto, acho que me salvei!
Gosto de trocas na minha língua ou ao menos no meu nível de consciência. Gosto de expandir em conjunto com pessoas, minhas habilidades, conhecimentos, perguntas e respostas.
Quero um parceiro que se estabilize em duas pernas, pense, me provoque, me ajude a crescer,  me faça rir, pensar, falar bobagens, me entenda,  me explique, me ame (com condições talvez) e queira toda a recíproca!  Que ainda pretenda, como eu, viver o que nos resta com muita alegria, buscas e um certo deboche que vem invariavelmente na nossa idade. Só nos resta curtir com a cara da vida, antes que ela  curta com a nossa. Mas no bom sentido. 
Portanto, pessoal do Face que adora animais de estimação mais até que gente. Respeito, mas não consigo curtir.
Não fui treinada para isso. Fui treinada para gostar de pessoas.
Os lindinhos de quatro patas que me desculpem. Apoiarei todas as suas causas, mas papo que é bom, esqueçam.

2 comentários:

  1. Oi Cláudia, saudades,

    Belo post com todo meu respeito, mas morando sozinho e viajando muito nunca pensei em ter um cachorro. Por outro lado eu tinha um tio biólogo que montou o Simba Safari aqui em São Paulo e adorava bichos. Treinou os leões do Simba entrando lá e abraçando os bichos. Quando estava no Rio, uma amiga dormia com o cachorro na cama, e eu dizia: o cachorro ou eu. Obviamente ela preferiu o cachorro. E deve estar feliz.
    Porém tenho uma amiga em SP que pediu-me uma ajuda para arrumar um cachorro. Entrei em alguns sites de adoção e ela adotou uma vira-lata preta, tem algo de labrador, de porte médio e eu apaixonei-me pela dita cuja. Na minha idade e com pouca coisa para experimentar etc, reaprendi a amar. E tanto a mulher, como a cachorra. O dia que voce entender o olhar canino, creio que voce mude de idéia. Gatos nem pensar, mas quem sabe voce em alguma oportunidade tenha a experiencia de viver com um cão.
    BjÃO

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  2. Luiz querido,
    acho que acabei fazendo a maior confusão nesse post. Já recebi vários comentários pelo FB ou e-mail etc de pessoas tentando me explicar como é sublime esse amor por animais.
    Não devo ter me feito entender. Todo amor é sublime, até aí todos concordamos. Todo ser vivo é sublime (menos baratas....)
    O que eu quis dizer, tão somente, é que euzinha não consigo me relacionar com bichos. Talvez seja alguma deficiência minha, ou como vc diz, falta de oportunidade. Pode ser. Talvez um dia o acaso coloque um animal (de 4 patas) na minha vida e eu venha a descobrir uma nova dimensão que hj desconheço.
    Quem tem essa habilidade e esse amor, acho legal, desde que não exagere em manifestar isso a todo instante. Tudo, quando fica muito, enche um pouco o saco e perde em interesse, principalmente quando a coisa toma um tom piegas e açucarado....enjoa!
    Sabe Luiz, eu acho que os bichos nos ensinam muito mesmo. Acho a presença dos animais completamente vital para nós, humanos, termos noção do que somos feitos e dosarmos direitinho nossa arrogância e prepotência. Os bichos são tudo de bom, eu é que não sei conversar com eles.
    E, cá entre nós, um segredinho....na maioria das vezes tenho medo deles. Pronto, falei.
    É isso...rsrrss
    Mais, não sei dizer.
    Bj saudoso

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