segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Toda mulher tem sua melhor versão

O título é a chamada de um programa de TV que acabei de ver. Que continua: e você? Já descobriu a sua?
Fiquei nervosa com essa pergunta. Não tenho ideia de como responder. De verdade, não entendi nem a pergunta.
Melhor versão para que? Para arranjar namorado? Para encontrar um emprego? Para se divertir? Para agradar a si mesma? Para agradar os outros? Todos? Alguém em especial?
Melhor? Há um limite para melhor? Eu sempre acreditei que se pode melhorar a cada dia e que tudo pode ser, sempre, um pouco melhor.
Claro que, se está muito ruim, o primeiro melhorar, em geral, é um salto grande. Depois, o gradiente de melhora vai diminuindo, diminuindo, mas sempre existe, creio eu.
Se eu tivesse acesso a quem disse isso falaria: defina “melhor” e defina “versão”.
Mas, supondo que passe por cima dessas ninharias retóricas, fico ainda mais tensa: será que passei a vida sem achar a minha melhor versão? Será que a achei por segundos e a perdi? Será que eu achava que era minha melhor versão e ninguém mais achava? Será que a melhor versão é unânime? De quanto em quanto tempo tem que se buscar a melhor versão? Sim porque era uma até eu começar a usar óculos, por exemplo, outra depois dos 40 anos. Será que a melhor versão teria sido sempre com lentes de contato e eu a joguei fora usando óculos desde então?
E o cabelo. Melhor comprido e teimo em usar curto?
Deus, que crise isso deflagrou! Existem possibilidades infinitas de melhores versões!
Pegue cada parte do corpo: cabelos: loiros, castanhos ou vermelhos.
Curtos, longos, médios.
Muita maquillage, cara lavada. Unhas gigantes, médias, curtas.
Ar intelectual, ar sensual, ar burrinha, ar sofisticado, ar retro, ar futurista, ar moderno, ar chique, ar to nem aí, ar cheguei, ar romântico, ar matador, ar nouvelle vague, ar Cristiane F... Falta de ar total.
Qual Alice, estou despencando num poço sem fundo e tudo à minha volta gira e não faz nenhum sentido. A diferença, é que Alice aterrissará no País das Maravilhas e eu, no País do Maior Horror que existe: um país onde tudo é infinito e, portanto, a escolha é impossível.
A cada vez que você escolhe, sofre a angústia de ter deixado de escolher outro. E isso vira idéia fixa e toma horas do seu pensamento, conjecturando se escolheu o melhor mesmo, ou não. Se deve trocar, ou não.
Para dar um basta nessa viagem aterradora e acordar desse pesadelo, acho que só tem um jeito: procurar a nossa melhor versão dentro de nós, melhorando nossos sentimentos e atitudes, sendo cada dia melhores na realização dos nossos desejos, termos e cultivarmos os melhores amigos que pudermos, termos muitos motivos para rir e amar muito. Aí sim, acho que a nossa melhor versão explode, passa para fora, a gente fica mais brilhante e pode, sem tensão, caprichar nas dicas  do Super Bonita.

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