domingo, 6 de maio de 2012

A desert road from vegas to nowhere


Quanta dor é preciso sentir para que seja legítimo reclamar
sem chatear?                         
Tolo que és, não há essa medida!
Se queixar, é já ultrapassar o limite tacitamente combinado.
Eu sou, tu és, ele é: feliz!
Quem não é saia da roda.
Não tem dança prá quem cansa.
Muito menos prá quem diz.

Por uma absurda negação do esperado,
até médicos sentem enfado.
Devias ficar calado.
Motoristas  e doutores suplicam: falem somente o indispensável.
Os primeiros, para não se distraírem  e melhor te conduzirem;
Os segundos, para nem ouvirem tua voz quando te jogarem sozinho no deserto sem saída,
Sobretudo prá quem grita.

Não quero mais palavras, nem lamentos, nem amargos fingimentos
Quero o silêncio dos mortos, dos conventos, dos monges.
Não vou  para Pasárgada  porque não sou amigo do rei e nem sei para que lado fica
Quero uma verdade poeirenta, crua, aflita
Que me deixe cara a cara com a dor, o mau humor, o sem sabor
Mas me mostre que tudo pode virar amor.
Quero ir para onde haja fé.
Eu sei onde é Bagdá Café.

7 comentários:

  1. Nossa! Que texto lindo. Fica claro mesmo que a dor que cada um sente não há como mensurar, o muito ou pouco, grande ou pequena. E por mais que nos esforcemos também não dá pra sentir pelo outro.Dores do corpo, da alma são privilégios só de quem as sente, a companhia mostra ser um bom remédio mesmo que quem as acompanha ou observa tenha vontade de arrancá-las com a mão. Descobrir que mesmo no cinza profundo tem luz é lindo. bjs sds

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  2. É isso Moniquinha. A dor é uma coisa(?), um estado(?), um sei lá o quê, incompartilhável. Finalmente compreendi que é como estar sozinha no deserto. Não há comunicação possível. É melhor não falar. Silenciar. Nem reclamar, nem mentir que está melhor. Nada.
    Acho que o simplesmente viver a coisa, sem teorizar sobre ela, sem lamento mas tb sem fingimento, pode dar a oportunidade de quem está por perto e gosta de vc, de tb ser sincero e, dentro dessa sinceridade - não amenizar a dor pq seria impossível, mas ajudar a construir uma convivência criativa e amorosa que apenas compreenda as limitações mas não paternalize essa compreensão. Bagdá Café é uma inspiracão nesse sentido. Ninguém se esforça para ser o que não é. A dor no meio daquele deserto dói seca e solitária. Mas quando a sinceridade é rasgada fica um espacinho para entrar a fé, a alegria, e a luz de que vc falou.
    A minha condição hj é estar no deserto. Sozinha e cheia de muita dor. Até aí eu já sei. Só resta ir para o Café e cultivar outras alegrias. Tenho tentado e sei direitinho quem são as pessoas que me "sacodem" no meio do deserto e iluminam meu caminho. Você é uma delas e eu nunca esqueço disso. Você sempre atravessa o deserto e sem perguntas me ajuda a caminhar. E me entende no silêncio em que muitas vezes me escondo e me protejo. Obrigada querida

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  3. Em tempo: o importante é saber que sempre há um café!!!! Bjssssssss

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  4. Texto bonito, perturbador e revelador da força das palavras, que aqui se apoderam da dor transformando-a em ideias, em arte. O deserto pode ser atravessado quando temos quem nos ajude a caminhar ... E, sim, sempre há um café!
    Bjs
    Angela

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  5. Keep writing, Monte, keep writing...
    Beijos do fã
    Paulo

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  6. Angela, primeiro comentário. Primeira vez que sei que vc leu e, sobretudo, gostou. Leitora que vc é, das grandes, é uma enorme honra receber um elogio. Mas fale mal sempre que não gostar. Beijão minha amiga querida

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  7. Paulito,
    sim, continuarei escrevendo sem dúvida. Bem ou mal não importa agora. Importa o quanto me faz bem.
    Ter fãs então, e vc entre eles, ahhhhhh não te preço.
    As poucas pessoas que comentam o que escrevo tem o peso de uma multidão, por assim dizer, qualquer.
    São todos grandes leitores - como você, exigentes, inteligentes, sensíveis até o último fio de cabelo.
    A.M.O esses comentários.
    Bjs querido

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