Quanta dor é
preciso sentir para que seja legítimo reclamar
sem
chatear?
Tolo que és,
não há essa medida!
Se queixar, é
já ultrapassar o limite tacitamente combinado.
Eu sou, tu és,
ele é: feliz!
Quem não é
saia da roda.
Não tem dança
prá quem cansa.
Muito menos
prá quem diz.
Por uma
absurda negação do esperado,
até médicos sentem
enfado.
Devias ficar calado.
Motoristas e doutores suplicam: falem somente o indispensável.
Os primeiros,
para não se distraírem e melhor te
conduzirem;
Os segundos,
para nem ouvirem tua voz quando te jogarem sozinho no deserto sem saída,
Sobretudo prá
quem grita.
Não quero mais
palavras, nem lamentos, nem amargos fingimentos
Quero o silêncio
dos mortos, dos conventos, dos monges.
Não vou para Pasárgada porque não sou amigo do rei e nem sei para que
lado fica
Quero uma verdade
poeirenta, crua, aflita
Que me deixe
cara a cara com a dor, o mau humor, o sem sabor
Mas me mostre que tudo pode virar amor.
Quero ir para
onde haja fé.
Eu sei onde é Bagdá
Café.
Nossa! Que texto lindo. Fica claro mesmo que a dor que cada um sente não há como mensurar, o muito ou pouco, grande ou pequena. E por mais que nos esforcemos também não dá pra sentir pelo outro.Dores do corpo, da alma são privilégios só de quem as sente, a companhia mostra ser um bom remédio mesmo que quem as acompanha ou observa tenha vontade de arrancá-las com a mão. Descobrir que mesmo no cinza profundo tem luz é lindo. bjs sds
ResponderExcluirÉ isso Moniquinha. A dor é uma coisa(?), um estado(?), um sei lá o quê, incompartilhável. Finalmente compreendi que é como estar sozinha no deserto. Não há comunicação possível. É melhor não falar. Silenciar. Nem reclamar, nem mentir que está melhor. Nada.
ResponderExcluirAcho que o simplesmente viver a coisa, sem teorizar sobre ela, sem lamento mas tb sem fingimento, pode dar a oportunidade de quem está por perto e gosta de vc, de tb ser sincero e, dentro dessa sinceridade - não amenizar a dor pq seria impossível, mas ajudar a construir uma convivência criativa e amorosa que apenas compreenda as limitações mas não paternalize essa compreensão. Bagdá Café é uma inspiracão nesse sentido. Ninguém se esforça para ser o que não é. A dor no meio daquele deserto dói seca e solitária. Mas quando a sinceridade é rasgada fica um espacinho para entrar a fé, a alegria, e a luz de que vc falou.
A minha condição hj é estar no deserto. Sozinha e cheia de muita dor. Até aí eu já sei. Só resta ir para o Café e cultivar outras alegrias. Tenho tentado e sei direitinho quem são as pessoas que me "sacodem" no meio do deserto e iluminam meu caminho. Você é uma delas e eu nunca esqueço disso. Você sempre atravessa o deserto e sem perguntas me ajuda a caminhar. E me entende no silêncio em que muitas vezes me escondo e me protejo. Obrigada querida
Em tempo: o importante é saber que sempre há um café!!!! Bjssssssss
ResponderExcluirTexto bonito, perturbador e revelador da força das palavras, que aqui se apoderam da dor transformando-a em ideias, em arte. O deserto pode ser atravessado quando temos quem nos ajude a caminhar ... E, sim, sempre há um café!
ResponderExcluirBjs
Angela
Keep writing, Monte, keep writing...
ResponderExcluirBeijos do fã
Paulo
Angela, primeiro comentário. Primeira vez que sei que vc leu e, sobretudo, gostou. Leitora que vc é, das grandes, é uma enorme honra receber um elogio. Mas fale mal sempre que não gostar. Beijão minha amiga querida
ResponderExcluirPaulito,
ResponderExcluirsim, continuarei escrevendo sem dúvida. Bem ou mal não importa agora. Importa o quanto me faz bem.
Ter fãs então, e vc entre eles, ahhhhhh não te preço.
As poucas pessoas que comentam o que escrevo tem o peso de uma multidão, por assim dizer, qualquer.
São todos grandes leitores - como você, exigentes, inteligentes, sensíveis até o último fio de cabelo.
A.M.O esses comentários.
Bjs querido