sábado, 26 de maio de 2012

Eu não sou cachorro não


Adoraria colocar mais açúcar em meu olhar, abanar o rabo, babar
E ter a sabedoria de só amar. Incondicionalmente.              
Adoraria saber voar e cantar de manhã e ao entardecer e
Ser o anjo alado da celebração da vida e do eterno renascer
Adoraria ser uma grande e plácida montanha, coberta de árvores silenciosas
E saber para sempre calar e viver ao sabor do vento, do jeito que soprar

Se não sou criatura divina, nem cão, nem pássaro, nem montanha, nem árvore
Se sou ser das trevas e do pecado; se comi a maçã que não devia
Para que teimam em me comparar com esses seres a quem não foi dado tão simplesmente:
pensar?

Estou muito cheia das frases de caminhão dos monitores de tela plana;
Estou muito cansada das eternas repetições de bobagens cheias de pretensão;
Da mediocre auto ajuda ocidental maquilada de sabedoria oriental do Dalai Lama;
Dos conselhos tibetanos, atirados aos porcos de Copacabana.

Não sou cachorro, passarinho, pedra, lago, árvore e nem montanha
Sou gente: outra composição
Tenho neurônios que se ligam em sinapses complicadíssimas, eles não.
Sendo assim, temos questões diversas: nossas matérias, saberes, pensares e quereres
são diferentes: por definição.
Penso, existo. Todos os outros existem sem pensar.
Por favor: parem de nos comparar!


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