sexta-feira, 3 de junho de 2011

Cedo demais para esquecer, tarde demais para lamentar


Não sei se um dia ouvi esse verso como parte de um poema em um filme, ou se li. O caso é que faz muito tempo, e nunca consegui esquecer.
Já procurei em muitos poetas que poderiam ter escrito isso, já pesquisei a frase no Google, mas nada acho.
Achei um título de um livro parecido, de uma pessoa que conta a história do seu câncer e que se chama “Cedo demais para morrer, tarde demais para chorar”.
Esse “tempo” em que não se pode fazer nada, não se pode voltar atrás por mais que se lamente, mas também não se consegue esquecer alguém, algum fato, algum trauma, sempre me causou uma forma qualquer de tristeza ou, no mínimo, sempre me fez pensar.
É um tempo sem ação, em que a gente não está pronta prá outra, mas também não pode mais lutar pelo que passou. É um tempo meio bobo, meio perda de tempo.
E de que tamanho é esse tempo? Impossível dizer.
Estava hoje relendo o post do meu aniversário em 13/02 e nossa! Como estava feliz e acreditando que 2011 seria O ANO. Estava cheia de planos, com o otimismo à flor da pele, plena.
Mal sabia o que estava por vir.
Já vāo fazer quatro meses desde então e não pude fazer nada do que tinha imaginado.
Não lamento nada – é tarde demais para lamentar, mas também ainda não esqueci – é cedo demais.
Me dou conta de que não esqueci, quando saio de casa e ainda coloco os remédios para dor na bolsa; quando pego uma gripe e fico esperando uma dor diferente aparecer; quando ainda fico tentada a me sentir “diferente” das outras pessoas.
Quando meu chefe teve câncer, ele disse que a sensação era de ter “perdido pontos”. Ele, que se acreditava saudável e imune a essas coisas, “perdeu pontos”, sentiu que não era tudo isso.
Eu também perdi pontos e entendi exatamente o que ele quis dizer. Ganhei muitos também. Só o fato de nunca ter lamentado, acho que somou muitos pontos na contagem da vida e do que sou (é fácil se achar o máximo quando nunca se foi testada efetivamente). Mas é cedo para saber o saldo.
É tarde para recuperar o ano de 2011. É tarde para querer aproveitar o verão que passou se já estamos no outono. É bobagem querer que o passado seja melhor.
No entanto, é cedo para fazer novos planos - achava até que já os tinha, mas era ilusão. Era vontade de ser mais do que realmente sou.
É cedo para me sentir tão forte quanto achava que era.
É cedo para zerar e recomeçar.
É muito cedo...

Obs.: Quem souber de que poesia vem esse verso, por favor me diga


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