domingo, 3 de abril de 2011

Uma coisa puxa a outra que puxa outra

Fui dar uma olhada no histórico do Blog. Espanto total. Estou escrevendo há mais de seis meses, já publiquei mais de 120 posts e tive mais de 5.000 visualizações de página.
Não tinha noção desses números e fiquei pensando como foi engraçado esse processo.
Comecei a escrever porque estava doente – uma sinusite que me deixou 15 dias de cama, com febrão, tomando antibióticos e, naquele momento, queria me conectar com o mundo.
Eu, que sempre adorei ficar sozinha e quieta, que cultuei e cultivei a solidão como a grande saída para a minha vida, desta vez queria falar para o máximo de pessoas possível. Agora vejo que já era um sinal de mudança que na ocasião não reconheci direito.
O caminho, f oi acontecendo sem qualquer planejamento ou intenção prévia – tudo que eu sabia era que queria conversar. Sobre o que, já era outra história. Seria o que me ocorresse no momento. Todo e qualquer assunto que me fizesse parar para pensar. Este era o único critério: o assunto ter chamado a minha atenção de alguma forma, que tivesse me emocionado e/ou me levado a refletir. Tenho muitos diálogos comigo mesma e queria incluir outras pessoas nessas conversas.
Como os meus sentimentos, forma de vida, tristezas e alegrias eram os grandes assuntos que me abismavam, na maioria das vezes acho que falei de mim mesma. Aqui e ali um assunto diferente, como filmes que vi, livros que li, acontecimentos do mundo.
É claro que há muitas formas de abordar qualquer tema: poderia me basear em pesquisas, poderia escrever de forma impessoal, poderia tratar tudo filosoficamente. Mas ficou evidente logo no início, que meu “instinto”, ao escrever, me levava a falar de qualquer coisa de forma totalmente pessoal, a me colocar em cada assunto, a revelar aspectos da minha vida, às vezes até muito íntimos. Eu me dava conta disso e não tentei mudar o “estilo” que “apareceu”, por assim dizer. Nunca tinha escrito nada e tudo que saía era uma grande surpresa. Queria ver onde isso tudo ia dar. Eu ainda não sabia, mas uma enorme revolução estava prestes a acontecer.
Foi uma revolução pacífica e sem traumas, mas o fato é que, ao me comunicar virtualmente através do Blog, as relações reais, os “tête à tête”, foram assumindo uma importância insuspeitada. Comecei a querer conversar presencialmente, a querer ver pessoas, a querer ter a casa cheia. Se antes eu evitava qualquer companhia, se uma visita de dois dias já me deixava louca, hoje quero que tenha gente dormindo pelo chão se for preciso. Quero dividir minha vida e minhas coisas. Quero cozinhar, rir, arrumar a casa com companhia. Não quero mais estar sozinha. O prazer das relações me tomou inteira.
O Blog, sem que eu saiba direito por que (e nem quero saber para falar a verdade), restabeleceu o ser social que fui um dia. O ser amoroso que adora as pessoas e as companhias. O ser afetuoso que ajuda e quer ser ajudada. O ser que quer falar bobagens, rir e ....conviver.
Parece-me que, depois de seis meses me colocando inteira nessas linhas, deixei de ter segredos e espaços obscuros que só eu conhecia. A solidão perdeu o sentido.
Somente ainda não sei se o Blog perdeu a função, fechou um ciclo e não precisa mais existir ou se, pelo prazer de escrever que ele também me fez descobrir, continuarei escrevendo sobre os vários assuntos que certamente continuarão a me impactar.  Mas aí, só pelo prazer de escrever, continuar refletindo e tentando inspirar algumas pessoas. Acima de tudo, me focando em me aprimorar na escrita rápida e “em cima do lance” que caracteriza as crônicas. Ainda mais agora que ganhei da minha querida Alice (que finalmente tive o imenso prazer de conhecer pessoalmente – que pessoa linda ela é), o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. Que presente especial! Que alegria poder brincar ainda mais com as palavras, poder entrar muito mais nesse mundo mágico que é a nossa língua e explorar infinitamente suas possibilidades.
Vamos ver. Por hora, estou muito feliz com o que houve até aqui. O retorno alegre e sem dor ao prazer de conviver.

3 comentários:

  1. elizabeth sp mundim3 de abril de 2011 às 12:47

    Esse post merece um brinde, com taças de cristal do melhor espumante - a bebida dos deuses - tim tim, Claudinha. Está muito próximo o dia em que faremos isso, de verdade!
    Mostrar a cara, tem sido um movimento meu, agora de forma mais escancarada e sem medo. Benefícios do seu blog, também. Comemorei meu aniversário, esse ano, de forma inusitada e muito prazerosa. Na rua, numa mesa com 20 mulheres, conversando, rindo, esrevendo no meu "diário" e percebendo o quanto sou querida...rs. Isso é realmente maravilhoso e para isso é preciso nos lançarmos!

    Obrigada pela inspiração!!!

    Beijo saudoso, prima

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  2. Prima querida!
    Que delícia! E eu que nem te dei os parabéns. Coloque essa grosseria na conta da minha neuropatia que até hj está na mesma...please
    Não me queira mal. Vc sabe o quanto te amo e desejo tudo de melhor para sua vida!
    Mostrar a cara é a única forma para um conviver genuíno.
    Persistamos nessa empreitada!
    Bjs amada

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  3. Também adorei a nossa noite, Claudia!Precisamos repetir mais vezes!
    E apenas reforçando o que te disse pessoalmente, muito embora o blog possa já ter cumprido o seu papel original, abriu portas para o seu talento que pode metamorfosear para outros propósitos. Você tem uma visão crítica muito apurada e uma linguagem simples para transmitir densidade (e uso simples como um grande superlativo!). Combinação infalivel para ótimas crônicas!
    Enquanto as ideias amadurecem, brinque com o dicionário! Quando pensei em te dar, sabia que seria muito bem aproveitado!!!!
    Um beijo.
    Alice

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