terça-feira, 12 de abril de 2011

Pessoas admiráveis

É muito impressionante a quantidade de pessoas admiráveis que entram na minha vida sem mais nem menos.
Deve ser, naturalmente,  muito menor que o número de pessoas comuns que a gente conhece todos os dias, mas, como essas passam e não ficam, as admiráveis acabam tendo uma importância e um valor que é de agradecer a Deus.
Estou tendo que fazer fisioterapia para recuperar os movimentos da mão direita, isso quase todo mundo já sabe.
O que ainda não falei, é sobre a fisioterapeuta que entrou na minha casa e que, tenho a impressão, de que nunca mais sairá da minha vida.
Logo no primeiro dia, meu queixo caiu. Ela é uma moça de 36 anos (parece menos inclusive), suave, bonita (acabou de ter um bebê e está inundada de estrogênio o que a torna ainda mais bonita) e muito simpática.
Começou a avaliar o meu estado sem olhar nenhum exame. Fazia anotações que eu não entendia e, ao final... todos os  nervos que ela tinha avaliado batiam exatamente com o resultado do exame. E ela me explicou:
- Exames não são importantes, importante é você. O exame é apenas uma ferramenta a mais. O seu estado, a sua realidade como um todo é o que me interessa.
Uau! Nem os médicos pensam assim. Ninguém faz nada sem um exame para consultar!
E para cada pergunta que eu fazia ela tinha uma resposta totalmente adequada e pertinente, sem sair pela tangente (como vejo tanta gente fazer) e me conquistou de cara. Estabelecemos uma enorme relação de confiança.
Quando ela foi embora, fiquei pensando. Que moça é essa? Tão novinha (eu ainda não sabia a idade) e que me dá a impressão de saber mais que o médico? (sério, estava mais confortável com as respostas dela que com as do médico). Ela nem tem idade para ter tanta experiência e segurança, sem ser arrogante ou dona da verdade.
Isso me encafifou.
Com a continuação das sessões, começamos a conversar muito e fui matando minhas curiosidades.
- Quantos anos você tem?
- Como você sabe tanto?
 Bom, é claro que ela estudou muito, no Brasil e na França, trabalhou sempre com os melhores neurologistas, é professora da UFRJ (feliz de quem é aluno dela), já tratou de casos brabíssimos de total invalidez, plegias várias, etc.
Como era de se esperar, fazer alguma coisa muito bem feita, se sobressair na multidão de fisioterapeutas que andam por aí e nem têm muita noção do que estão fazendo, requer estudo sim, dedicação sim, mas, eu penso: muito amor e vocação.
Ela é carinhosa, comprometida com a melhora, dá muita força moral, á alegre na medida certa e parece tão feliz e integrada com a profissão que escolheu! Um exemplo.
Um dia eu falei: queria arrancar esse dedão fora (ele é o que menos dá sinal de vida)
E ela respondeu:
- Não fala assim que ele ouve.
Achei graça, mas depois entendi tudo. Todo resultado é plasmado na mente. A partir daí você fará acontecer o objetivo que já se formou na sua cabeça. Se eu achar que meu dedão não vai funcionar é claro que ele não vai. Ela não precisou me explicar tudo isso. A resposta dela foi simples e engraçadinha, mas disse tudo.
Em resumo: o que deveria ser um saco, fisioterapia três vezes por semana sem ainda conseguir fazer os movimentos mais básicos, tornou-se uma atividade pela qual espero. As sessões são engraçadas, sem parar de trabalhar conversamos muito, trocamos experiências, rimos e nos divertimos.
A Ana Paula é, sem dúvida, uma pessoa admirável e extremamente singular. Só tenho que agradecer a ela e às conspirações do universo que a colocaram na minha vida.

3 comentários:

  1. Claudia

    ontem no workshop com a monja zen budista que eu fui aprendi...(rs parece obvio...mas não é)

    que colocar a atenção no lugar certo é libertador

    o importante é descobrir qual a sua intenção e depois colocar sua atençao

    bj

    ResponderExcluir
  2. É isso e é nada óbvio. Estou vendo isso agora que entrei em profunda crise.
    Falamos sobre isso depois.
    Bjs

    ResponderExcluir
  3. vamos conversar no findi

    liga qdo estiver a fim

    bjs querida ...tudo passa

    ResponderExcluir