quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Enganos



Quantas vezes me enganei nessa vida? Perdi a conta.
Quantas vezes pensei estar fazendo o melhor para todos – pois que me lembre quase sempre pesei as consequências dos meus atos para os outros também e julguei justamente o contrário? Inúmeras.
E a vida e a observação foram me ensinando que NUNCA sabemos o que é melhor para outra ou outras pessoas. Por isso nunca acreditei em caridade unilateral. “Vou te dar uma casa porque isso vai resolver sua vida”. E ninguém perguntou ao interessado se era uma casa o que ele queria. Nunca acreditei em programas sociais de governos que se baseiam na auto-promoção e não têm nenhuma noção do que de fato a população deseja. Daí faz-se casas e o povo vende a casa. Ingratos. Nem sabem dar valor ao apartamento que demos para eles. Quem disse que queriam apartamentos? E naquele lugar? E daquele tamanho? Queriam emprego e dignidade para comprar o apartamento que bem entendessem, na hora que lhes fosse conveniente, perto dos vizinhos que escolhessem. Queriam autonomia e liberdade. 
Todo mundo odeia caridade. Aceitam-na por total falta de opção. É isso ou nada. Mas ninguém se engane que o “caridoso” seja amado e reconhecido. É, no máximo, tolerado.

Tendo isso em vista, me preocupo em nunca inferir a partir dos meus valores e convicções o que as pessoas querem. Nem minha filha. Pequena, eu ainda tinha o dever de julgar por ela nas questões básicas de segurança, higiene, estudos e valores fundamentais da vida. Quase adulta, terei que descobrir antes de “achar” o que é melhor para ela.

E foi assim que me enganei de novo. E feio. E doído. Meu alerta não funcionou quando imaginei que ninguém seria capaz de não querer amor, apoio, intimidade, confiança. E ainda se irritar com quem estava se imaginando pura generosidade e entrega. Levei mais um susto. Demorei para me dar conta, de novo, que quem queria aquilo era eu e não o outro.
Quanto tempo é preciso viver para parar de cometer os mesmos enganos?
Dessa vez, outra vez, penso: chega. Quem quiser alguma coisa me peça claramente. Parei de adivinhar. Se eu puder dar, o farei com a maior alegria, senão, paciência. Ninguém pode ter tudo.
Eu, o máximo que almejo nessa hora, é parar o recorrente e, portanto, parar a dor. E isso, graças a deus, só depende de mim.


4 comentários:

  1. Claúdia, me identifico com sua "reflexão". Tenho tentado adivinhar quase tudo, sempre! Tenho que tentar parar também, parece um vício rsrs

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  2. É impressionante nossa prepotência né Rita? E depois ficamos chateadas quando as pessoas não ficam super felizes com o que damos....Não vou desistir de tentar acertar rsrs
    Bjs querida

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  3. Acho que nos frustramos menos quando conseguimos admitir ou reconhecer o que buscávamos, o que queríamos pra nós. Nem sempre a gente tem essa clareza né?! Ai esperamos do outro rss.
    Somos loucas adoráveis rsss

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  4. Moniquinha aí já é a outra loucura né? rsrs Achar q o outro vai adivinhar o que a gente quer e precisa sem que a gente diga claramente - ou porque não sabemos mesmo, ou porque achamos que o outro tem "obrigação" de adivinhar. Essas "loucuras" fazem os relacionamentos serem MUITO difíceis e arriscados. É preciso haver uma enorme intimidade e confiança. Vcs duas são meninas de sorte rsrsrs.

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